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domingo, 28 de julho de 2013

" Dona Oswaldina " - segunda parte

 Sempre que a ambulância era chamada,  Dona Oswaldina era encontrada caida na calçada, a poucas dezenas de metros de sua casa,  numa curva de uma ladeira moderada. Certa vez, cansada daquela rotina, considerando ser injusto com todos os pacientes que de fato precisavam do atendimento de urgencia, fui pesquisar. Vi que do ponto onde ela era encontrada sempre " desmaiada"  no chão,  se avistava a ambulancia, ou qualquer carro mais alto,  bem abaixo, antes de curvas, na rua. Então, no plantão seguinte, ao ser acionado o socorro, fui eu mesma  atender. Não poderia, já que como chefe de equipe, não deveria sair, mas era pertinho, designei  substituto e fui. Seguimos por outro intinerário, um pouquinho mais longo, mas que nos faria chegar ao local pelo outro lado, no sentido da descida. Sem sirenes. E, conforme esperado, encontramos a pobre senhora de pé, esticando-se para ver se chegava seu transporte e poder deitar-se a tempo. Voces podem imaginar o susto da coitada ao pararmos ao seu lado. E ouvir do motorista a afirmação : " Que bom que hoje a senhora melhorou ! "
 De outra feita, num raro dia de sala de urgência de mulheres praticamente vazia, e apenas eu no atendimento, por tratar-se da hora da refeição noturna da outra colega, confesso, sem saber se devo envergonhar-me ou não, que tomei uma atitude que,  na época considerei educativa. Ao chegar dona Oswaldina, desmaiada, com sinais tipicos e reconheciveis de longe do tal DNV, distonia neuro vegetativa, ou" piti" , ou simulação,  não  levantei imediatamente para atende-la. Pelo contrario, deixei que permanecesse na cadeira até que, com medo de passar a hora do jantar, ela acordou expontaneamente.  Como sempre, perguntando " onde estou", olhando ao redor, " que frio" , ao que respondi:  - Calma, esse frio é  efeito da injeção que a senhora tomou para ficar boa.  Ela fuzilou-me com os olhos. Deu até medo. Mas não ousou desmentir-me, pois seria desmascarar-se. Sabia que não havia tomado nada. Mas sabia que dizer isso seria assumir sua farsa.
Medico sozinho  não faz saude. Essa, e tantos outros. precisava mesmo era de acompanhamento psicológico, alem do acompanhamento do serviço social, que providenciamos, por ser este disponivel.
E eu, já deveria parar de ser médica, por ter diminuida a compaixão. Mas compaixão por  ela acarretava a menor compaixão por outros. Seu atendimento, desnecessário e inutil  naquele local, prejudicava a necessidade de atendimento de outros. O que fazer ?
 Ela passou, por algum tempo, a evitar meus dias de plantão.  Por algum tempo, curto.



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Médico sózinho não faz saúde

Em primeiro lugar, é necessario um ambiente saudável. Ar, água. Saneamento, higiene, alimentos. Acrescenta-se educação, para saber discernir e fazer escolhas saudáveis.Vontade. Sem falar de outras como trabalho, lazer, etc. Então, se mesmo assim houver  um desequilibrio da matéria, uma falta do" completo bem estar", ou mais, se uma  doença acometer, por causas externas ou internas, e não puder ser resolvido  pelas formas da tradição familiar, chás, infusões, técnicas eficientes há milênios, que venham o médico e sua ciência. Cada vez mais cientifica.  Mas justamente pelo carater cientifico, especulativo, empírico, a saúde da pessoa não pode  ser abordada em apenas uma de suas dimensões. Negar a complexidade é anticientifico.
Então, vou contar aqui umas historinhas. De pacientes que ocupavam serviços de emergência, quando na verdade deveriam estar sendo cuidadas por outros profissionais. Pena, que com tanto avanço cientifico, e de informação, nossos politicos, governantes, ainda não perceberam isso. A necessidade de uma abordagem integral para a saúde. Mais é menos, nesse caso. A contradição aparente é fundamento.  Mais profissionais de diferentes áreas equivalem a menos doentes.  Certa vez um prefeito médico afirmou que investir na saúde é  aplicar recursos em um poço sem fundo. Eu penso que investem errado. Da forma com que é feito, nenhum poço nunca será suficientemente preenchido. Tragam mil, dez mil, cem mil médicos e venham de onde vierem.

Depois dessa longa introdução, vamos contar historias.




Aí está. A mais marcante, pela assiduidade, primeiro.

Vamos chamá-la  Dona Oswaldina. Uma senhora de seus cinquenta anos, pequenina, como são muitas das senhoras de sua classe econômica e social . Magra, pelo biotipo ou pelas restrições nutrológicas ao longo de sua vida,  Chegava trazida por ambulância, sempre.  Aos olhos leigos, desmaiada. Em maca de remoção ou as vezes em cadeiras de transporte, quando as macas estavam em falta, insuficientes,  por ocupadas. Chegando na sala naquele estado, era imediatamente examinada por um dos médicos da emergência, em detrimento de outros pacientes que aguardavam na  fila, interminável , ou no lugar de reavaliações de pacientes que aguardavam liberação ou  vaga para internação.. Avaliados os  sinais vitais, sempre normais e o estado de consciência, só " acordava" ante uma injeção. Os colegas novatos e inexperientes apicavam algum antidistônico, sedativo  e ela dormia algumas horas. Os mais experientes em atendê-la aplicavam um placebo ao que a resposta era imediata. Abria os olhos, tremendo, perguntando onde estava e queixando-se de muito frio e logo a seguir, de fome. A enfermagem, solícita e por autorização médica liberava um prato de refeição. Interessante notar que sua chegada sempre coincidia com o horário das principais refeições do pronto socorro no hospital do qual fazia parte. Agasalhos, frequentemente lhe eram fornecidos. A cidade é fria. E dia após dia, vinha dona Oswaldina. A assistente social promovera visita domiciliar, ela tinha uma casinha em uma comunidade  próxima, do jeito que são essas casinhas, barracos, em comunidades carentes, onde vivia com um filho adulto, doente, insuficiência renal, com historia de diversos abandonos de tratamento. Nessas visistas do serviço social  foi levantado que as roupas que ganhava,  mal usadas eram jogadas fora quando sujavam. Que os alimentos da cesta basica que lhe foi garantida, eram jogados no lixo, sob alegação de que não prestavam. E persistia chamando ambulância, quase diàriamente, o que deixava outros pacientes esperando mais tempo pelo atendimento, e ocupando  serviço de emergência, macas, tempo das equipes e algum medicamento desnecessario.E quando atendida por calouros do serviço, novatos, ainda utilizava recursos diagnosticos como exames de sangue, RX, eletro.ardiograma, Quando haviam novatos em varios dias, fazia exames varios dias da mesma semana. Afinal, serviço de emergência, pronto socorro, não tem ficha de acompanhamento para pacientes liberados. E  não se pode recusar atendimento. Vai que dessa vez... E ao chegar na sala, nem se pode deixar para depois, pois além do "vai que", ainda o risco do profissional ser linchado por omissão de socorro, pelas pessoas que aguardavam seu proprio atendimento  e seus acompanhantes. Afinal, todo médico é mesmo safado, filho da puta, negligente, vagabundo.
Depois conto mais, dela e de outros.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sucateamento da Saude

Eu sempre dizia, e  pessoas que comigo conviveram, devem se lembrar disso, que essa era uma das estratégias dos politicos para  acabar com a pobreza:  atraves do exterminio  dos pobres. E isso vem sendo sistematicamente conduzido. Enquanto fingem ser bonzinhos, dando o peixe, envenenam a água.  Metaforicamente falando, ou não : o caso em andamento das mortes em Alagoas . Ensinam pelas midias como NÃO ter saúde e sucateiam os serviços de atendimento médico, transformadas em antecâmeras da morte. Os médicos são treinados, condicionados, pelos sistemas, midiaticos e educacionais a acreditar na cura  pelos remédios e tecnologias produzidos por essas mesmas  "forças", deixando a prevenção relegada aos interesses das corporações que produzem dinheiro, sendo que este nem mais existe, apenas cifras inimagináveis em arquivos de computador, sistemas bancários, sem lastro, sem realidade. Imagino o cofrezinho do sr Eike, ou de  Bill Gates, ao modo do cofre do Tio Patinhas. E no entanto, a miséria crescente, permanente na historia, essa é bem visível. A fome no campo ou nas cidades, aqui, nesse país, ou lá, Africa, e outros do Oriente, de onde mal  se houve falar,  aliviada, enganada, com milho transgênico , ou quimicos colocados no feijão, para sua conservação, para livra-los das brocas, mais uma forma insidiosa de assassinato em massa, lento o bastante , para permitir que consumam ainda dos produtos criados, enquanto se espera pelo crescimento de novos consumidores, filhos daqueles,  enquanto as pessoas são expulsas das terras, afastadas materialmente e culturalmente da salvadora agricultura familiar, para acúmulo de tão poucos e seus cofrezinhos imaginários.
Sim, eu sinto muita raiva. Porque fui acreditar, na infância, em um deus misericordioso e justo, e depois, descrente desse, ainda na juventude, na possível igualdade social, marxista, que só se mostrou uma outra força de dominação e não de promoção de direitos, liberdade, fraternidade . É, também acreditaria nos ideais da Revolução Francesa, que se tornou apenas outra forte fome de sangue, de vingança, e não promoção do BEM.
  Aristoteles escreveu que o Bem é aquilo para o que todas as coisas tendem. Engano seu ? O que estaria pensando, agora, de seus conceitos éticos ?  Tão utópicos quanto a Republica do Platão . E os  demais profetas de todas as religiões ?  Jesus, Maomé ?
Por que essa raiva ainda não me matou ?  Pois raiva mata, pelo coração, pelo figado, pela vontade.  Respondo: entre as hipóteses  que escolho para sobreviver, está a da reencarnação, onde cada um está vivendo o que escolheu para si, antes do nascimento, o primeiro arbítrio, e  para seu desenvolvimento, ou conhecimento, para seu caminho maior. Só assim olho a fome ou dor de criancinhas, sem me desesperar até a morte, sem desistir da vida.
 A duvida ainda persiste, principalmente entre os principios taoistas, da Não Ação  e os da caridade cristã, islâmica, budista, esses, o da compaixão, que assumi para minha vida. Compaixão, de Compassio, sentir junto  e daí, fazer o que for possivel, sem colocar limites nesse possivel, tentar sempre ir além de. Principios  que frequentemente tenho questionado, mesmo sem abandoná-los.
Trabalho de formiguinha, sem a  colônia, ou  apagar incendios com a agua que carrega no bico o beija flor.
Da Saude do Outro, eu quase desisti, aposentada, não quero voltar a dar murro em ponta de faca, ensinar a quem não quer aprender, tão endurecidos estão pelo que lhes ensina o sistema.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Nada muda, eu não mudo

Um dia desses postei em outro espaço daqui, lá no "SER..."  que era urgente me reinventar. Porque tinha levado um grande susto da tal Vida  e se não fizesse algo, as consequências seriam funestas. Mudei um pouquinho, tão pouquinho que nem notei e passados poucos dias, nem esse pouco existe mais em minhas mudanças necessárias. Continuo a mesma, revoltada, inconsequente, mas muito feliz e infeliz também.
Como fazer, se de dois passos à frente, voltamos um atras, como diz sempre uma grande amiga ? E se nesse passo de volta, ao seguirmos, não vamos em frente, mas para o lado, como carangueijo? Dependendo do ponto de vista, não avanço nada.  Nem aprendo. Apenas me recordo que ainda não aprendi a mesma lição. 







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