Haviam tres motivos que me faziam ter vontade de visitar o hemisferio norte - sentir os perfumes, ou cheiros, ouvir os sons e ver o ceu estrelado. O ceu surpreendeu-me e agora entendo Gonçalves Dias. Nosso ceu tem mais estrelas. Onde fiquei, a cidade tem 7500 habitantes e estando na periferia, area rural, mesmo assim ao olhar o ceu, as estrelas são poucas, afastadas umas das outra. Ah! saudades da exuberância da Via Lactea! Os cheiros, a parte rural tem os mesmos, a cidade idem, o que muda são os perfumes das florestas, pinho, pinho e mais pinho. Os sons, ah! Os sons! Vi pela primeira vez bandos de corvos grasnando(ou crowncrowniando) pelos ceus. Lembram as maritacas, com seus sons semelhantes, porem o colorido, os verdes vibrantes das aves brasileiras, fazem um contraponto importante com o negro, sob o ceu, daqui.No mais, em que pese eu estar em um paraiso ecologico, muito poucas aves diferentes eu vi ou ouvi.
A região em que estive é referência em recuperação ambiental e estudos em sustentabilidade. A quantidade de produtos orgânicos a venda impressiona. Todas as casas que visitei e seus vizinhos teem uma horta de fundo de quintal. No territorio do Dartington Hall, em uma outra mansão do sec. XIII, funciona o Schumacher College, importante centro de pesquisa e desenvolvimento de questoes ambientais, que integra pesquisadores e promove cursos de e para o mundo todo. No entanto, me parece, falta a consciencia do "outro". Não percebem que sua riqueza se fez e se faz as custas do empobrecimento das colonias, antigas e oficiais e das não oficiais. Mesmo em um curso onde buscam conhecimentos advindos de povos tradicionais, sequer cogitam em promover reparação dos danos outrora causados a esses povos ou ao menos minimizar alguns danos. E fico com a impressão que, uma vez obtidos os conhecimentos que procuram, mais uma vez serão obtidos esses recursos, custe o que custar aos povos dos quais se servem. Como se todo o mundo e todos os povos existissem apenas para promover o bem estar de alguns. E, parece-me, sem a consciencia do mal, nem culpa ha. Uma total e autentica ignorancia.
Apos dois dias hospedadas no Dartington, finalmente os amigos dos amigos fizeram contato, questionando porque nâo estavamos em sua casa. parece que a net promoveu alguns desencontros. Então, no dia em que consegui subir minha mala, tive que desce-la para a mudança de estadia. Mas contei com o que descobri - o cavalheirismo ingles. Agora corro o risco de ficar abusada. Uma autentica "Dona Sra".
Passamos tres dias hospedados na casa de um casal, ele ingles, a esposa japonesa e seus dois filhos pequenos, quatro e sete anos, presumo. O meu ingles, sofrivel, e o dela, com sotaque japones eram praticamente incompativeis, mas no final funcionou. So que dormiamos em outra casa, em frente, questoes de espaço. As duas casas em um conjunto habitacional na periferia de Totness, e bem proximo ao Schumacher College, o que facilitou um tanto a vida da minha filha, que voltava para casa em caminhadas noturnas, cerca de 22 hs, por entre bosques, tanto num quanto no outro caso. Ainda bem que eu havia levado uma lanterna, "sei la pra que. Na sexta feira, ultima tarde, o casal levou-nos a praia. Fui no banco da frente de um carro ingles. Da para sentir o medo de ir pela contra mão... Realizei então um outro sonho: ir a praia, confortavelmente, de cachecol, casaco e botas. E, alem do mais, não tem areia: as pedrinhas são confortaveis para sentar e não grudam, tirei as botas, molhei os pes e as canelas...(hshshs) agua menos gelada do que supunha. Na praia, no litoral sul da Inglaterra, demais. Fiquei sabendo da importancia historica do lugar, onde os aliados prepararam o desembarque para a Normandia e meu filho havia me dito, antes de embarcar, que a regiao e relevo são de periodo devoniano, antes da existencia de plantas ou animais terrestres. Pedrinhas velhinhas,então.
Dia seguinte, trem para Londres, ja sabendo como me comportar, chegando, Hotel e minha filha tinha um compromisso ligado a sua pratica religiosa. Pego o Bebe e me aventuro em caminhadas pela região, empurrando o carrinho. Chic, uma 'vo inglesa.
Dia seguinte, um city-tour em Londres, naqueles onibus de dois andares, para turistas, aberto. Ceu azul como no Brasil. Aventuras e desventuras, outro tanto, como um mega-cocô do Bebe na hora de entrar no onibus, alem das sacolas de compras de supermercado, de fraldas e papinhas, todo o "tour" a tiracolo, pois o mercado fecharia cedo e não dava para perder tempo voltando ao hotel. Muuuitas fotos, do dia Londrino.
Malas rearrumadas, a sem alça ficaria com as roupas de frio guardada no aeroporto durante a proxima etapa: Grecia.
PS. amigos, as fotos, vou anexar depois. Nao sei como descarrega-las nessa maquina, tenho medo de apagar tudo, sei la, sou ANTACIBERNETICA. Assim como correçoes de acentução e pontuação
Um comentário:
Dispenso os acentos, aguardo as fotos.
Mas o relato das tuas aventuras é indispensável!!!
Enquanto lia, maritacas faziam certo estardalhaço por perto - já é quase seis da tarde e elas procuram abrigo. E pelo menos outros 5 cantos de pássaros me fazem companhia. Somos felizes, não?!
Grecia!!!! Que maravilha! Conte tudinho depois... e boa viagem!!!
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