Um dia desses, em meio aos tormentos desnecessários que ela cuida de providenciar para as pessoas que cuidam dela, tais como fazer suas necessidades fisiológicas de modo a sujar o maior espaço e coisas possíveis, por preguiça de levantar-se, ela mesma o disse, de outra vez, já que não tem nenhum problema de saude física, ( foi e é exaustivamente investigada por especialistas), lembrei-me que nunca havia visto ela chorar. E perguntei então, se alguma vez na sua vida ela havia chorado. Refletiu alguns instantes e respondeu que não. Passado alguns minutos, chamou-me para dizer que achava que havia chorado um pouco quando da morte de sua mãe.
Não sei se sinto pena dela por isso.
Quando em meio ao xixi e cocô, penso o quanto deve ser ruim para ela própria viver fazendo isso. Essa é a forma que encontra agora para infernizar pois não mais tem acesso a outras pessoas fora de seu circuito doméstico, após ter optado por deitar-se, já que outras táticas, como intrigas, maledicências, danos morais e materiais aos filhos, conhecidos e parentes, já não pode concretizar, ninguem mais acredita em suas palavras e atos maldosos. O quanto deveria ser desagradável a quem age assim, imersa em excreções, mas não a ela, pois o motivo é fazer sofrer. Espalhar transtornos. Está com pena, amigo? Não fique. Não é senilidade, ela sempre agiu assim, desde que me entendo como gente. Sempre tratou de providenciar as coisas mais desagradáveis possíveis a todos, de acordo com a condição de cada um. Sempre lamentou não "ter tirado" os filhos. Pôs meu irmão para fora de casa aos 15 anos, porque "não queria estudar", e me proibiu de estudar, tive que fugir de casa, para obter apoio dos meus avós, e voltei, estudando, pois alguem precisava cuidar de meus irmãos mais novos. Depois, covardemente, fugi de novo, daquela forma clássica, ao casar-me aos 19 anos, no início do curso universitário.
Às vezes acho, meus irmãos por mãe, que tendo sido amaldiçoadaos por ela na concepção é o que nos fez ter tantas dificuldades na vida. Mas também é o que nos faz fortes, resistentes a tantas... agressões da vida. Afinal, a vida não é mãe?
Conviver com ela, no entanto é insuportável! Aquele olhar pelas costas, as palavras, como ontem, quando eu indo ao mercado, que detesto, disse a ela," tenho que ir, não tenho mesmo quem me ajude" ouvi pelas costas " Tomara que não volte" para agredir, sòmente, pois se eu não voltar, com quem ela ficará, já que nenhum dos outros tem mais capacidade de suportá-la. E nem eu. Só quero quebrar o record do irmão mais novo. Ele ficou com ela 5 meses! Hoje fazem quatro que está comigo! Cinco eu consigo, com a ajuda das meninas, que tem me salvado! E aqui estou, onde não queria, contrariando meus planos, negando meus sonhos e desejos, por dever. Ou para atender ao masoquismo que ela produziu em nós ? Uma mania de sofrer ?
6 comentários:
É.. gostei da "a vida é mãe". E te entendo completamente e não tenho pena dela hoje(desculpe a liberdade de dizer isso). Talvez tenha pena dela ser assim. Meu avô é quase a mesma coisa. E mesmo que eles não percebam e não sofram por tudo que fizeram e fazem, não é bom serem pessoas assim.
Vc tb está em Rio das Ostras? Eu adoro ir lá, principalmente em Barra de São João que fica ao lado! Fui lá esse ano... Quem sabe não volto? Se vc estiver lá (ou aí) mesmo, a gente combina! beijoss
Xi, menina, tenho uma mãe igual,só não chegou nessa fase em que a tua está, mas sei que esse dia vai chegar.
Quantas vezes me pergunto,divagando na vida,o motivo de uma mulher ser mãe desta maneira.Pessoas que descontroem outras pessoas.
Mas por uma força contrária, algo acontece, e esses filhos constroem - se sozinhos, mais fortes, mais racionais,e mais honestos consigo e com os outros emocionalmente.
Sempre na busca infindável por entendimento.
Força,porque isso sim é uma grande prova.
Não acho que seja masoquismo, mas a unica maneira de, contrariando tudo,nos tornamos maiores, e termos a consciência tranquila,no dia que deixarmos esse mundo, tendo pago todas as contas,sem carregar culpas.
Que muito amor rodeie a tua pessoa, te proteja, ilumine e guie.
Hoje amanhã e sempre.
Amém!
bjo
anafvalle@gmail.com
A minha admiração e respeito por ter a coragem de expor aqui o tormento que é cuidar de uma pessoa assim, embora seja nossa mãe.
Toda a minha solidariedade pois eu passei por martírio igual, agravado pela cumplicidade maldosa entre minha mãe e meu único filho.
Um fraterno abraço.
Meus pais, 83 e 80 anos, vieram para a minha casa há 45 dias... um tormento! Creio que alguns idosos adquirem uma doença da senilidade - invento o nome agora - que os faz terríveis, quase impossíveis de conviver. E não é do mal de Alzheimer, a que me refiro. Meu pai não tem tal mal, mas é insuportável a convivência com ele. Minha mãe, cadeirante após AVC extenso, nem tanto. O derrame afetou o cognitivo e ela tem um bom humor patológico, que é ótimo!
O que fazer? Não se deixar abater e seguir em frente, nem que seja por teimosia!!!
Nossa, colega, o assunto me afeta tão de perto, que prefiro me abster. Vamos dizer que já passei por dor semelhante, e que tenho certeza de que outra está vindo, a galope.
Boa sorte!
Triste saber que que não estou sòzinha...
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