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sábado, 10 de agosto de 2013

Dia dos Pais



Comprei flores novas, humildes, para enfeitar a casa, a natureza retribuiu meus esforços e deu-me flores no jardim, efêmeras, mas suficientes para alegrar um tantinho minha alma dolorida nessa data. Não por saudades do meu pai, até penso em como deveria ser bom ter pai, afinal, ele não era como a Mãe, cruel, mas simplesmente fugiu da convivência. Pagava uma pensão minima aos filhos, entendo, não queria dar dinheiro aquela mulher e afinal, com seu histórico, descobri muito depois, nem sabia se seus filhos eram seus. Então não doou amor, afeto, apenas o dinheiro para evitar a fome, aliviar a culpa do abandono, cumprir sua responsabilidade legal,  enquanto assistíamos sua nova familia com recursos aos quais nós não tínhamos acesso, numa vida que era a de nossos sonhos. E como era ruim o ter que ir buscar o dinheiro do mes, uma, duas vezes até que "dava"  sempre associado a algumas" broncas".  Dele, me lembro bem, só mau humor, reclamações. Muito depois fui saber de enormes esforços que fizera quando éramos bem pequenos, eu e o mano um pouco mais novo. Está perdoado, certamente. Fez o que podia, mais, não conseguiria.
 Mas o que me fere nesse dia dos pais, o fim de semana dos pais, é que eu não ganho presentes e não sou homenageada. Eu, que fui pai de um irmão, bem mais novo, esse confirmadamente não filho do mesmo pai e cuja chegada causou a separação do casal, finalmente. Trabalhei para ele, para que estudasse, vestisse, tratasse seus dentes.  Depois fui pai, ou como dizem, Pãe,  de meus filhos, desde que nasceram.  Do meu trabalho exclusivamente que puderam morar, alimentar-se, vestir, estudar. Do meu trabalho é que puderam desenvolver seu caráter, sua formação. Costumo dizer que mãe, fui nota 8, afinal sou um fracasso na cozinha, mas sempre providenciei alimento no prato, então, como pai, fui nota 10 .O pai, biológico, que se dizia estudante quando convivíamos, de psicologia, era na verdade um exímio mentiroso. Até livros comprava, não posso dizer que desperdicio, pois li todos, muitos tratados da área. Mas descoberta a fraude, dito que eu servia para dar casa, comida e dinheiro para o Motel, continuei, só, mas sem ser roubada por um tempo. Poucos anos. Como Pai e Mãe. Aí, acreditando que a recompensa viria, seduzida por alguém que mostrava ser bom pai de seu filho, da idade dos meus, pimba, caí no conto dos mentirosos, de novo.  Mas pior, pois agora, a mentira exposta, a situação foi mantida por violência, intimidação, ameaças. O Medo implantado manteve o laço. E continuei "Pai", e lutando contra um padrasto, pela segurança das minhas crianças. Explorada, humilhada, constrangida. De cabeça baixa, escondendo-me na vergonha, acusada de fraca, enquanto buscava  forças para sobreviver, na esperança de um dia escapar. E tanto fiz que consegui, conseguimos. Apanhei muito para que eles pudessem estudar. Apanhei literalmente, na cara, na cabeça, pernas, costas, muito, muitas vezes, mas não cedi, no limite das ameaças de morte a eles, aos filhos, caso não fosse como determinava o algoz,violencia cometida  por alguem que sabia que ficaria impune,  que descrevia o quadro futuro, como faria, como se livraria. E com um filho  a mais, aquele que ele trouxe ao "casamento", que tambem vivia as custas dos meus esforços e trabalho, para prover, para fazer.
Então surgiram elas, mais duas, acolhidas, vindas  de um passado mais duro que o meu, com um futuro tenebroso caso nada fosse feito, ninguem fazia, então fiz. Com medo, o Monstro ainda era meu senhor, enfrentei, dei meu nome, elas me deram um pouco de paz;  na sua frente, o mostro suavizava-se, mas não deu seu nome na certidão de adoção. Para elas, ele dá algum presente, paga alguma conta, nada ainda perto da restituição de tudo que me tirou, dos bens extraidos a socos e pontapés e nada perto da real necessidade, dos gastos necessários para sobrevivência.
E agora um neto, filho de uma das meninas, moça já, quase  adulta, estudante universitaria e de um  pai que não provê, que não cuida, que espancava  a moça grávida ou no resguardo, até que eu soube e retiramos ela da casa, com força policial, e que exige direitos de pai  por uma pensão em lei de 200 reais. Moram, mãe e filho,  aqui, lógico. Minha casa se torna a alegria dos netos, meus espaços de quinquilharias de valor afetivo, substituidos por brinquedos. E divido do que tenho para que ele possa ter casa, sua casa, espaço de amor, algo como seus primos tem com seus pais e mães.  E sou mantenedora, pai, sem poder ser totalmente avó, pois não posso mimar como quero quem precisa de alguem mais para educar. Agora bem mais fácil,  é verdade, pois meus meninos, homens de bem, cuidam de complementar as necessidades financeiras para que sejamos classe média.
Mas no dia dos pais, todos vão para algum lugar  em busca de Pai, seja o sogro, seja o que não deu nome de pai na certidão, e eu, fico só. Num absurdo e solitário dia dos pais.
Lagrimas sempre escapam nesse dia. Sou chorona mesmo.  E nesse fim de semana nem posso viajar, como faço quando fico muito triste, passear , pois aqui estou, de repouso obrigatório, convalescendo de procedimentos dentários extensos, sérios, e dolorosos tanto no físico quanto na alma, e que não mais podiam ser adiados.
Eu devo mesmo ter sido muito má na ultima vida.

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