Não consigo entender as pessoas, suas palavras e coisas. As coisas que dizem e suas ações.
A região em que moro é belíssima em sua natureza O que faz com que muita gente queira passear, conhecer. E fora da temporada, ou seja, dos poucos dias que vão do Ano Novo gregoriano ao fim de janeiro, e depois uns diazinhos no Carnaval, fica vazia, pois o frio moderado prejudica a praia e o vento intenso, chicoteia com areia os banhistas. Então, dizem, que mais de um milhão de pessoas costuma passar por aqui na alta temporada. E uma quantidade enorme de condomínios de microapartamentos permanecem vazios quase todo o ano. Uma cidade fantasma dentro de outras cidades. Cabo Frio, Buzios, Arraial, não tenho os dados, apenas minha observação do dia a dia a viver por aqui. A maior parte dos imóveis fica vazia muitos com placas de " aluga-se para temporada". Ou " Vende-se". Os altos valores pagos nesses dias parece que justificam os imóveis vazios todo o ano. Mas que permanecem demandando cuidados, algumas inúteis luzes acesas, consumindo para nada. Gasta-se água para preservá-los, para a alta temporada E sobem novos condomínios, destruindo restingas, desfazendo as dunas de areias brancas, subindo escandalosamente pelos montes verdejantes, a vegetação que tenta se restabelecer apos séculos de exploração, arrasada, enquanto se constroem jardins decorativos, com plantas exóticas e alto custo de manutenção. Regas. Aqui a água é escassa, cara, vem de longe. E joga-se fora o verde e depois joga-se fora a água para o verde quase artificial; e desperdiça-se materiais para construção de tantas casas fantasmas. Quanta madeira queimada para produzir telhados praticamente inúteis todo o ano, por não abrigarem ninguem. Porque nesse pais sobram recursos e a maioria da população mora em habitações dignas ( gente, essa ultima frase é ironia, tá )
Agora mais um projeto desses, enorme, vai ocupar uma extensa e linda praia deserta, com o entorno repleto de árvores, condomínio que apela nas vendas para o fato de estar em uma reserva, mas que para ser construído, segundo o que vi nas imagens de divulgação , irão destruir. E já estão na fase de preparação do terreno, com corte das árvores enormes e erradicação da vegetação litorânea, a maior parte do verde ( vegetação secundaria alegam em seu EIA-RIMA, eu soube ) substituído por verdes(?) gramados, piscinas (verdes?) a beira mar, quadras de esportes - tantas permanecem sem uso por aqui, para uma "elite" estupida que irá passar quatro, cinco dias ao ano, enquanto vaidosamente afirmam " tenho uma casa em Buzios".
PS: Interessante é que lá, o mar há tempos já invade as terras e em toda a extensão da Praia da Gorda vê-se árvores com suas raizes descobertas pelos fluxos da maré, muitas já mortas, tombada ou tombando. Não tem, nem na baixa maré mais de metro e meio de largura, a praia. Mas é, ainda, bastante piscosa, vizinha a uma colonia de pescadores, que ficará engastada no Condominio e certamente sem peixes, mais. E por ser " Rasa" não permite decks para embarcações a motor , assim como o banho de mar não é confortável e precisa-se caminhar um tanto adentrando o mar. Espero então a "Vingança de Gaia". Que certamente irá invadir, tomar para si, o que tomamos dela. Mas dói, ver árvores imensas em terra firme, " secundarias" desaparecerem pela ganância de uns poucos. E a terra das encostas que irá descer aos poucos a cada chuva torrencial, comum, invadindo o mar. Aplainando o relevo.
Eu não entendo. Sou mesmo burra.