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domingo, 30 de janeiro de 2011

Outro tipo de desmoronamento



Parte do meu mundo está desmoronando. Eu não poderia  ficar tão afetada assim  a cada vez, , afinal, já deveria estar acostumada com isso, pelas inumeras vezes que meu mundinho desabou. Sou mestra em reconstruir, recomeçar. Mas não aprendo mesmo as lições e por isso sofro intensamente a cada novo golpe.
 E quando digo sofrimento, não é apenas figura de linguagem, acontece que sofro de um mal autoimune, que em situações assim contribui para piorar tudo, ao mesmo tempo que é piorado pela minha inadequação.
Atribuir responsabilidade a irresponsáveis? Argumentar com ignorantes ? Que ilusão, pretender ser compreendida. Pior ainda, pretender evitar que sofram ao meu redor. Compete a cada um sua própria evolução. Eu sei, sempre soube, mas não perco a arrogância de querer retirar as pedras do caminho das pessoas que amo. Senão não seria amor. Mas vou aprender a observar, apenas. Com a alma sangrando, ver erros que poderiam ser evitados, serem cometidos, com a conviçcção da ...burrice.
Apenas uma duvida:
i) se vejo, sofro, então, " o que os olhos não veem, o coração não sente"
ii) " Entregar a Deus"
iii) mas então estou incorrendo no pecado da omissão ( Mesmo quando não há mais nada a fazer)
Pois que seja; um karma para a próxima experiência.
Mas como fazer para não ver ? Ou não me preocupar.
Apenas desistir de certas pessoas.

( E se eu sumir uns tempos, não se preocupem, trata-se tambem do PC que está apresentando "falência progressiva de múltiplos órgãos" e a solução será o lixo e sem poder adquirir outro)
Quanto a foto, eu queria outra, mas ela não baixa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Do que não queria ter visto ou ouvido


Relutei um tanto antes desta postagem. um certo pudor, talvez receio de cometer um erro, afinal, " não saiba sua mão direita o que fez a esquerda " é mais ou menos assim, né,as palavras daquele grande sábio. Mas pensei tambem que é importante que não se deixe passar possibilidades de incentivo ao trabalho necessário quando já se está esmorecendo. Quando o cansaço nos obriga a parar mesmo sem saber se seremos substituidos. O cansaço precoce, afinal, para mim, foram apenas tres dias de trabalho acrescidos ao da viagem, pode ser devido à idade, não tenho mais cinquentita, mas não, sou bem resistente. Certamente se deve à uma  imensa dor que circunda os locais por onde passei. Talvez pela angustia dos desencarnados que sem entender o que passou, ainda estão presos ao corpo, enterrados onde inadvertidamente passamos e pisamos no afã de atender aqueles que estão sequer sem água para beber, ou notícias "de fora". Mas tambem pela dor dos vivos que perdidos ficaram dentro de tantas perdas. Há quem acreditasse ter sido o fim do mundo, todo. Sem contato, vivos e confinados com os seus cadáveres, de amigos, ou filhos e pais, sem recursos básicos ou as facilidades habituais. Algumas vezes, enquanto distribuia água sentia-me uma inútil, afinal, tão pouco, sequer me atrevi a chegar muito mais adiante, longe de onde tinha que, finalmente, desistir de seguir com carro , 4x4, reduzida. Algumas centenas de metros, apenas. Afinal, ainda recebíamos advertencias de riscos de novas chuvas. Mas recordo das lágrimas das duas crianças à beira de estrada devastada, ao receberem a água, ao anoitecer do dia, do  8º dia da catástrofe, dizendo que estavam com sede desde a manhã e sei que mesmo quase nada acaba por ser muito. Mesmo sem ter cesta básica ou qualquer alimento em meu carro, naquele momento, que tambem precisavam. Avisa-se a outras equipes. O sorriso ao receber a água, daqueles que sob sol intenso e poeira dedicam-se a escavar a lama na tentativa de encontrar os corpos que ainda lá estão. Alguns na busca dolorosa de seus queridos, outros apenas sentem a necessidade de estar ali, ajudando, apesar do mal cheiro, do risco de doenças, com equipamentos inadequados ou insuficientes.
Se eu poderia ter feito mais, certamente, ainda voltarei para lá, mas precisava reabastecer-me. Emocionalmente. Descobrir que o caos em esfera micro que encontro em casa sempre que me ausento mais de dois dias na verdade não tem a importancia que sempre atribui. ( Mas ainda assim ao chegar fiquei furiosa, pois o motivo para vir, acaba por ser insignificante perto de tudo que vi )
Descobri que mesmo sem suprimentos, quando meu estoque acabava, ainda tinha...ouvidos para ouvir. Os relatos, a necessidade de mostrar " ali, era o quarto de meu filho, aqui o meu, onde eu só via o rio, ou a lama ou destroços. E contavam novamente do medo, da dor. Da força da água que arrancou filhos pequenos do braço das mães ou dos pais. " A ultima coisa que me lembro é do choro dele sendo levado ".
Risos histéricos, ao especularem como será, sem casa e sem emprego, sem grande parte da familia ou dos amigos. Muitas empresas tambem foram destruidas.
Vi tambem muita solidariedade, gente de perto, gente de muito longe, trazendo suprimentos de todos os tipos e principalmente seus braços e coração. Mas vi o oposto disso. Aproveitadores, seres que não deveriam estar entre os humanos.
Por que afinal, falar disso ? Eu chorava, à frente da TV, como muita gente, ao ver as imagens. Então fui.
Mas falo porque ainda vão precisar muito. E então peço: quem puder e mesmo sem poder muito, sempre há o que fazer. Contar historias para as crianças, brincar. Ouvir as historias, das crianças e dos adultos. Uma palavra de conforto, de fé, ( quem for felizardo o bastante para dispor disso), de esperança, para todos.. Doar de si, um pouco que seja.  Eu voltarei apenas daqui a 15 dias. mas quem puder vá agora, depois, daqui a 1 mes, doe alimentos , água, carinho.  Vai ainda ser muito necessario. Mantimentos, suprimentos, material de limpeza, de higiene pessoal. Muitos ficarão acampados meses ou talvez anos. Dá para imaginar? Não, eu sei que não, então, ação.




Dra Sandra, que sofreu infarto a menos de um ano, subindo em busca de uma família isolada, onde havia informação de prováveis feridos



Uma das equipes de saude, retornando após identificação das necessidades dos que moravam acima., e atendimento a algumas delas.

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Desastres da minha Serra

É uma situação que mesmo que frequente jamais será naturalmente aceita porque envolve muito mais do que "sòmente" os prejuizos e vidas, mas principalmente o intimo de cada um, suas culpas, sua disponibilidade de atribuir culpas e responsabilidades a terceiros - sempre o governo. Mas ninguem se pergunta REALMENTE onde iriam morar essas pessoas, em condições mìnimamente seguras e dignas, todo esse povo que durante séculos seguiu uma igreja de fé absurda que apontava como ordem " crescer e multiplicar" ao mesmo tempo que afirma a importancia da miséria e desgraça para o atingimento do bem último, enquanto vai enriquecendo ( a igreja, padres, pastores) se apropriando dos bens materiais que seriam mìnimamente indispensáveis para uma vida justa, responsável. Porque como um Homem pode atender ao Deus e á Família, quando o discurso que é transmitido pela "religião" que lhe conforta e sustenta emocionalmente ou diz que precisamos ser pobres para atingir o reino de Deus ( logico, sendo miseráveis tem maior´possibilidade de morrer primeiro, estão aí as estatísticas de morbimortalidade que confirmam isso), ou que só temos algo bom quando Deus (justo?) nos escolhe para a graça. Escolhe uns e outros não, assim, do nada, pela sua "Vontade", experiências, criar personagens para se divertir vendo como reagem a dor...

Não são coisas inevitáveis, não, aí é que mora a questão que nos faz chorar. São inevitáveis porque atendem a este modelo cruel das sociedades. São inevitáveis porque certa fé manda crescer e multiplicar a ponto de não haver espaço para morar ou recursos para alimentação. A culpa? Os governos permitiram ocupações em lugares de risco, mas onde iriam morar sem riscos ? Nos extensos terrenos planos que servem a campos de golf ou quadras de tenis? Ou nas imensas e ricas propriedades das religiões que afirmam que a miséria e a desgraça salvam ? Religião que nega sua origem, que ensina pelo exemplo o egoismo, a importancia de acumular e virar as costas aos pobres, porque ou são pobres por "castigo" de deus ou... Mas eu pergunto, sempre, quais faltas fazem Deus castigar criancinhas ?

Estou falando/escrevendo a toa. Há muitas décadas virei as costas para este sistema, não acredito nesta estrutura nem em Deus, nesse. Mas tenho que desabafar, porque o peito está doendo de tanta dor em torno. Dói sempre. É seguir vivendo, jogando gotas d'agua nos incendios, tentando fazer algo pelos que sofrem, contra a vontade do Deus que se alimenta de dor e ranger de dentes.

São até agora, 356 mortos por deslizamentos de terras, consequencia das chuvas desta segunda feira, mas ainda relatam dezenas de desaparecidos. Nas tres cidades, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo.  Mas ainda não vi noticias sobre as pequenas que são vizinhas.

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