MOSTRANDO

SÓ PARA LEMBRAR, QUE ALGUMAS VEZES ESTOU POSTANDO NOS OUTROS ESPAÇOS DO SÍTIO, DAQUI. OU ESTOU ISOLADA EM ALGUM SÍTIO DE CÁ, FORA DO MUNDO BLOGAL.


Tenho postado AQUI ou AQUI

domingo, 19 de junho de 2016

Retornando em varios modos




Em Sao Paulo. Segundo alvorecer.  O primeiro, ontem, chegando à Rodoviária, chegando à Pinheiros, à casa do  filho que se despede, de partida para longe, por tempo longo. Arrependimento por não ter vindo enquanto ele morava aqui. Ou melhor, revolta (- sublima-  ou, reconstrói-paz e crescimento) pelos impedimentos que causaram a estagnação, pelo lodo onde fiquei presa. Mas a vida segue e, ao modo da frase, ainda não acabou, espero ainda mais disso tudo, de preferencia mais do mais e menos do menos...Assim, sabem... Eu escolhendo.
Dia Um, conhecer o lugar onde morou, já desarrumando. Caminhar até e por uma Feira de Antiguidades, eu nem gosto disso, caminhar entre esplêndida Arte Cemiterial e chegar ao Beco do Batman, Arte de Rua, não sei qual o nome que tem agora essas pinturas espetaculares nos muros. Mais uma pequena caminhada, Picasso, no Centro Tomie Ohtake. Voltamos para casa atravessando uma feira livre, em Vila Madalena e vi aipim amarelo! E mais outras coisitas que não conhecia, então tomei caldo-de-cana na feira. Havia me esquecido disso, lá, da outra Serra, já de muito antes de sair de lá...
Almoço em casa  e descanso brincando com a doidinha da Fiona, uma peludinha mais simpática que ja vi, e, relatório, preparação para sair novamente, a velhinha que não sai à noite, não gosto, mas o Mano Moreno, irmãozinho caçula, ex Lilinho também mora aqui, também não tem tempo de ir lá e vai nos levar ao Municipal. Concerto com Neschling  e a Orquestra . Bem, dessa vez não era o mano regendo nem sua orquestra, para se ganhar algo tem que se perder algo. Assim como não pude ter a alegria de estar com a nora e a cunhada, ambas em outras ocupações, vida de adulto...
Municipal de São Paulo, não conhecia ainda, minhas experiências anteriores são com a Sala Sao Paulo. (cada  historia...). Bem, tem uma mesinha ali, no Café, na entrada, bem em frente à "Diana" de Brecheret,   mesinha com um lindo tampo de vidro lapidado... Solto. E quase, meldels, que faço historia também ali. Deu pra segurar, só foi o barulho, o susto, e encontro então um jovem querido amigo, agora já maestro, coisa boa, mas sem aquelas longas conversas, ele está em frenesi profissional,  contando ao Mano Maestro que, vejam,  enquanto se preparavam para executar Abertura do Morcego (J. Strauss), surpreendentemente e nunca visto antes ali, um morcego voou sobre a orquestra. Magia do Universo abençoando aos músicos ? Ou, como pensei depois, ( ai, as palavras que quero usar somem, tenho que usar outras),  apenas um musico piadista (não é essa a palavra)  pregando peça em seus pares ?
Eu gosto muito de contemplar o mar. Gosto demais de remar.  Pois é...
Aproveita, que hoje tem mais. Depois a noite na estrada e então conhecer a nova netinha, que nasceu quando eu estava de partida para cá.


(fotos de arte de rua do Beco do Batman, SP.   mais)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

2015 - retrospectiva

Fiquei triste por mim, pelo mundo
logo no comecinho do ano, o carro, meu Valente, se mete, sem mim, em encrenca, vira problema, perda total e  aquela musica: Voce não me ensinou a te perder, marcou um semestre, enquanto juntava e recuperava pedaços, e ainda falta, para poder retornar às estradas, mas está bem, finalmente, quase bem, ainda falta muito.
Fiquei triste pelos imigrantes de guerras, pelos que perderam a vida na esperança de  sobreviver ao que lhes vinha, todo dia.
Fiquei triste pelos sem terra, sem casa, sem educação, sem esperança, desses que encontro todo dia, toda hora, ao vivo, mesmo  e nas noticias rapidas e  repetidas, do mundo todo, entrando em meu coração impotente, escorrendo pelos olhos, janelas de uma alma entristecida ensombrecida pelo que vejo.
Choro pelos meninos mortos por serem não brancos, apenas por isso. Desde quando, homem branco, fecha seus  olhos, até quando, deus branco, permite a lagrima e a dor assim, apenas pelo ser ? Mortes continuadas ao homem da terra roubada , ao outro roubado de suas terras por um- alguns , que se diz dono.
Chorei pelos fanatismos, religiosos, politicos, pelas tristezas dos atentados, sejam a bombas, sejam a bala contra os meninos das favelas...Ops, não se fala mais assim...
Chorei pela  comida contaminada e que contamina a terra, a  água, que contamina o ar, os bichos, as gentes, minha familia, e  que morrem de politicas publicas.
Chorei quando a agua sumiu, chorei quando a água invadiu, desalojou. Sempre assim.
Lagrimas que sairam por causa do Velho Chico, não, não bastariam para nada, o Rio Sao Franciso  se vai, em canais para agroenriquecimento de uns para que, sei lá.
E pela lama que dizem , partiu de Mariana, mas foi da ganância de alguns corações e destruiu o que sobrava de um rio, que nem era mais tão assim, Rio Doce, mas mantinha vidas e nelas, esperanças.
Começo, ao final,do ano, a acalmar-me ante as provas pessoais, que OH!  Tem sido ... provas. E, na verdade, reconheço, pequenas, ante a dor do mundo, que nem sou capaz de perceber, mas torturadoras, ante o medo de errar, falhar e arcar com as consequencias do erro. Se existe um Deus, é duro e impiedoso, não se comove com lagrimas ou preces, tem sua razão, dizem. Não consigo crer em tal Pessoa. Ou, creio, vi muitas assim, mas não amo tal ser, apesar de temer, o Ser e a Dor.
Colhemos, tambem, do que plantamos, sucessos, certamente, juntos, familia, mesmo que cada um lá longe, o movimento  foi certo. Xeque mate. Abre outra.
Partindo p'ra outras historias e novidades,
Permitindo novos desafios e, o que é maior, depois de negar tres vezes, a existencia da Força e essa se mostrar inequívoca e poderosa, dessa vez sigo  armada de novos paradigmas - uai- usei essa palavra que rejeito - e concluo : o ceticismo  não é falta de fé no metafisico, eu creio que coisas estão alem de minha consciência, aparentemente. Não creio e não consigo, acreditar em nenhuma doutrina religiosa, menos ainda nos comandantes dessas doutrinas, em nada, em sua completude.  Uma coisinha aqui, outra ali, um mosaico  não de moisés, uma colcha de retalhos. Acho que... eu deveria ser uma Jedi...

sábado, 5 de setembro de 2015

Beleza



http://tekey.net/b/dinka-de-sudan/






Fotos lindissimas que encontrei no facebook. Espetaculares, assim como espetacular deve ser a cultura - ou, as culturas - que as fotografas puderam conhecer nesse e em outros trabalhos. Mas hoje, que estou mais cinica do que de costume, fico me perguntando, e levo adiante a pergunta, ganhos materiais para as artistas , as fotógrafas, certamente, mas e para os modelos, alem de lhes roubarem a alma ?

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Apenas isso

As lamentações, joguei fora.

terça-feira, 5 de maio de 2015

É só para mim, para lembrar como tudo aconteceu


Fudeu!  Depois daquele evento estranho, onde o rosto querido esteve, por minutos,  fora de quadro dos conhecidos pelas memorias, não sei se por ele, a privação voluntaria de sono que o precedera, ou se ele marcava, marcador, eu lutei certo , e até um dia quase me afoguei, me apavorei e passei , e nem era nas canoas que remava, banana brinquedo no mar, saí com mais medo, salva por pessoas, pela ajuda, eu sei, mas passei, mas as coisas quebram, o dinheiro falta,muito e sempre, exceto no pouco tempo que teria, existiria para nós e que  foi aquele tempo, quando me foi tirado, espancada, ameaçada, violentada e de novo, e.... E me sinto humilhada por ter que pedir ajuda, a desculpa é que estou terceirizando o beneficiário (as), que vergonha , vaidade capital que me faz sentir humilhada, e  , por mim mesma unicamente, hoje, açoitada. Vergonha por ser alvo da generosidade genuina, o ficar sem carro, mesmo com carro  emprestado, cedido com amor, e que tambem quebra, mas  foi porque usei tanto, muito, uso mal, não sei, não tenho dinheiro para ter carro, não posso mais, ou ter que voltar aos plantões, do meu trabalho, à prisão da dor e impotência, onde o não feito é maior do que o feito, e isso dói tanto, e o medo da violencia, qualquer violencia me apavora, mesmo  na tv, eu choro,  e pior ficou depois daqueles anos em que a sofri.
  Os termos, as palavras me fogem, escapam, desaparecem  e voltam, com maior frequencia, até nomes queridos, palavras de uso comum, é o estress me dizem, eu sei, ele o gerador do alemão aterrador, cujo nome eu lembro, mas não quero falar.
  E o pânico criado gera mais medo que gera mais fuga das palavras que quero pensar. E choro e me desespero, tantas coisas eu quero, eu sonho para viver, então a vida se mostra em seu aspecto dificil, estou velha, dá para retardar, mas não impedir articulação de doer, enrigecer, coração, ou figado de falhar ou sei lá, são tantos a se desgastar. Cada vez mais o Tempo se faz juiz das escolhas.
  E eu penso, vivi aquele tempo, a violencia, terrorismo psicológico, hematomas a esconder, ameaças de morte, vivencia quase fatal das ameaças, mais de uma,  mas lutei, sobrevivi, não venci, pois das sequelas  não escapei, e vivi então tantas maravilhas que nem imaginava ser possivel e tenho esperança, mas aí vou sendo obrigada a aceitar perdas de coisinhas  e para mim muito significativas, carro, óculos de grau escuro, a fotofobia não me auxilia ver de dia, a máquina de lavar, esse sempre o derradeiro desespero nessas series que me ocorriam, hoje nem tanto, tenho pouca gente e roupa para limpar, falta o chuveiro elétrico, aqui é quente a água, tenho medo então de um incendio, sei lá, já que o chuveiro em falta não é desespêro, como na serra, obrigações de desapego, ou na revolta,  o castigo, a doença, essa, a que se esgueira, que, avaliada em seus multiplos aspectos, tem bem a ver.
 Falta de perspectivas emocionais que justifiquem e equilibrem um passado que não merece  ser lembrado, ao balanço feito por sei lá quais mecanismos mentais. E eu quero a esperança, que aprendi, só se sustenta quando algum sonho se torna realidade, para equilibrar aqueles esfacelados.  É esse o ponto. Sonhar, desejar,  e pra que, se nunca irá acontecer  nessa lógica material. A Vida, o Acaso, as Divindades,  não querem mesmo. Tem que ser como eles querem, eles determinam, ao final suas forças se mostram maiores do que as minhas solitarias. E isso eu vi, nenhum erro, minimo que seja, será perdoado. Como pendurar óculos na gola da blusa, a alegria do canino adotado pegar, roer em segundos. Todos os danos são decorrentes de erro minimo. E essa postura das Forças que se dizem o Bem,  me fazem querer saber da versão daquela Outra, sobre a ruptura, a queda, a Divisão. Isso não é um bem, dobrar ou quebrar, esse o tal Livre Arbítrio, livre para quem ? É pegar ou pegar . Então me firmo e sustento no trabalho, devoção dedicação ao bem do outro que atravessa meu caminho, o alivio que posso causar, mas alguma coisa está dando errado, muito errado comigo, porque estou revoltada. Me perdi no caminho ?
   Não vencido ainda o medo, o primeiro inimigo da Liberdade, estou prestes a ser vencida pela Velhice. Porque me recuso  a aceitar algumas regras do caminho que escolhi.  ( P$%#@), mas se  a  meta é Liberdade ?

segunda-feira, 16 de março de 2015

Oração, para que me lembre

Durante esses tempos de conflitos


Tenho dó de quem só conheceu a pobreza pela televisão ou literatura, talvez nem isso. Tenho dó de quem ao ler um texto compreende apenas de uma forma, e só essa, a sua. Tenho dó de esperanças pequenas, sonhos pequenos, atitude pequena. Tenho dó de quem desconhece a compaixão. 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Um raio cai duas vezes no mesmo lugar, da mesma forma

Certa vez comprei uma terra. Bonita. Linda mesmo, uma encosta escarpada e lisa onde se plantavam batatas e bananas. E plantei árvores e flores, frutas e plantas comestiveis tradicionais e não convencionais. E antevia uma vida tranquila. Mas as árvores que plantei, junto com as que deixei crescer porque nasciam e  eu cuidava, despertavam,  em outros, maus sentimentos.
Comprei porque quando meu pai teve sua vida arrancada num estupido acidente de carro quando ele nem na estrada estava, me deixou um pequeno legado e converti no meu eden. Era meu sonho. Vendi o sonho dele, comprei o meu.
Um dia, por estranhos misterios um movimento politico converte aquela região em parque nacional, dá titulos de proprietarios aos que continuavam plantando nas encostas, limpando terra pelo fogo e a mim, desapropriação, pois não produtora, tinha árvores e as árvores e os buraquinhos onde estão plantadas passam a ser  bens do parque. Luto pelo direito a uma pequena gleba do meu sonho, que me permitam ter um pouco daquilo que comprei, investi. Adianta, pequeno fragmento do espelho partido ?
Certa vez, já sem sonhos, apenas máquina sísifica, resistindo, buscando entender aquelas coisas basicas, como criança, me perguntando tantos por ques, um dos maravilhosos filhos que tenho me mostra  a casa que comprara, simples," popular" em área  "popular", limites com mata, fim de rua, e me tranquiliza e me tranquilizo, quando for necessário parar de pagar aluguel, terei onde morar, com ele, tenho um quarto inteirinho em uma casa.
E o segundo raio :  descubro esse mes, por acaso, na internet , um projeto de criação de um parque - reserva que engloba a casa onde vou viver na velhice. A linha limite é o muro da casa, a casa está dentro. Ela e seu terreno proprio.
Qual é a mensagem do fato, da coincidência ? Lutar ? Desistir ?  Cansada da luta em uma das frentes, não fui à ultima reunião no mes passado, e terei outra  da nova frente, amanhã.
Ou será que é para morar em apartamento ou clinica ?
(foto: de 2012 em uma das janelas inexistentes da casa não construida do sonho arrancado)

domingo, 18 de maio de 2014

Sonhando o dragão



Diz-se que se deve ter um grande projeto para dar sentido à vida. Tive muitos pequenos projetos. O único grande foi "filhos". Ou o único que realizei com sucesso. Muito sucesso.  Mas penso hoje, ter e criar filhos não se trata bem de projeto, mas de injunção circunstancial. Inevitável em alguns casos.  Não que não envolva amor. Não disse isso!
 Envolve, na verdade, torrentes de grandes sentimentos em doses maciças, colossais. Desejos, medos, preocupações( e ocupações), alegrias. Até a tal felicidade plena em seus momentos exuberantes, creio que só existe ali, dentro dessa relação, e ,  sobretudo,  o tal do amor. Mas não é um projeto, pois não se desenvolve nem ajusta ao que deveria ser tecnicamente quando tem esse nome. Não acontece como planejamos. Acontece, por exemplo, que vão trabalhar longe quando crescem.  E a vida vai tomando rumos muito diferentes daqueles do projeto. Então entram outros mega sentimentos explosivos, aderentes e penetrantes , a saudade e  a tristeza  apesar da alegria...
 Acontece que monstros que se escondem sob a cama, ainda estão ali, imateriais,  ficaram, atrapalham meu sono, meus sonhos. Esses, aliás, os grandes sonhos , dispersaram-se  como nuvens ao contato com o vento  das circunstâncias. Ou do Mal. Eu vi o Mal agindo. Nós vemos, a cada dia, a toda volta.
Mas estou amadurecendo um projeto que envolvem fragmentos aproveitáveis de antigos sonhos, colados pela calda de novos conhecimentos adquiridos. Sonhando novamente, tecendo planos nas insones madrugadas, despertando para novas perspectivas e realizações. Ou serão apenas novos delírios, infundados pois que permito serem atropelados por tais ou quais circunstancias?

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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Olá amigos, bom dia!


Não sei porque não consigo completar o relato da viagem. Sei de muitos motivos. Muitos mesmo. Acontecências, que vem dificultando a conclusão da história dessas peripécias. E por isso não escrevo mais nada, para dar ordem. Mas estranho, eu, dar ordem a ou  alguma coisa . Tenho pensado nisso, e constato que pessoas mudam, e mudam muito, sim. Eu mudo, sempre e as vezes de tal forma que custo a identificar-me com quem fui em dado momento de minha vidinha.
Mas não vim falar da Patagônia. Deixo para depois. Desordem criativa. Vim falar dos meus nadas.
Eu cresci sabendo que cães e gatos são inimigos por natureza e que os gatos são as vítimas. Mentira pura !  Nenhum dos cães daqui se atreve a passar por onde a Gaa está. Não entram na cozinha nunquinha e caso estejam dentro quando ela surge, encolhem-se a um canto, tentando ficar invisíveis. Você imagina uma rottweiler encolhida com medo da gatinha, ao lado de uma, mestiça de labrador com ...diabo da Tasmânia ? A Gata é soberana em todos os espaços e os órfãos recém chegados já aprenderam. No primeiro dia.

 Apêndice: Três cãezinhos lindos e espertos, acho que, lamentavelmente, de porte grande, um amarelo, um preto, um chocolate estão aqui ainda para adoção. Foram abandonados em meu portão.   POR FAVOR

 Mas, voltando ao tema, se é que há tema

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 Bom, um dia desses, no " Recanto dos Urubus" - nome que só eu penso mas se eu explicar,  muitos daqui saberão onde é, onde essas aves tem seu nicho e onde passo quase diariamente pedalando, um lugar muito, muito bonito, a cada dia, a cada maré, vento, sol, nuvem e perto de onde passo também, do outro lado, no canal,  remando outros dias, os mesmos dias em outras horas. Já não se afastam mais quando passo,  em seus pulos desengonçados, nem voam. Apenas observam. Já entenderam  o que sinto quando os cumprimento, amigos injustiçados, que sem eles a humanidade estaria perdida, ou quase, que lhes sou muito grata. E são magníficos, aquecendo suas asas abertas ao sol, ou apenas esperando o momento de subir nos ares, a alturas mágicas,  na busca dos restos podres da morte deixados em terra. E limpando a terra da podridão insuportável e insana, que seria, sem suas existências
Tenho visto coisas estranhas, como um urubu e um gavião num ritual de esfregar os pescoços, como dizem, fazem as girafas.  Até pegar a câmera, o gavião afastara-se um pouco. Mas por ali ficou, confraternizando, um bom tempo, sem ser um estranho no nicho . Ali é onde dormem, encontram restos de pescados e ficam, como vejo,  lá nas roças por onde ando,  um grande grupo que mora perto de uma enorme "processadora de porquinhos para virarem alimentos de estúpidos", sempre nos mesmos moirões, no chão, nos mesmos lugares. Aqui, vivem defronte a uma "processadora de peixes para virar comida" dos humanos. Sempre nós, alterando, transformando e ruim, destruindo.
Também encontrei uma gaivota, na margem da estradinha como se fosse um pato, deitada . Ao me aproximar para fotografar, a pobre tenta fugir, uma pata, asa e cabeça amarradas em linha de pesca, toda emaranhada. Sem saber como fazer, passa neste instante um pescador, um senhor que se dispõe a nos ajudar, a gaivota e eu. Segura a pobrezinha e me entrega uma faca ultra afiada e pontuda e sigo cortando os fios que passavam até por dentro do bico, emaranhados entre as penas e apertando a perna, a pata do bichinho que se debatia. Sim, vi uma lingua de gaivota!  (*)  Já sangrava um pouquinho, mas desembaraçada, afastou-se, claudicando, esticando as asas e deitou-se adiante em meio ao mangue. Segui e logo depois, voltando ela não mais estava ali. A foto é de antes da "operação salvamento". Se ampliar, dá para ver os fios avermelhados, o bico preso à asa...


E, finalmente, mas não necessariamente nessa ordem, o dia em que parei para, mais uma vez, fotografar essa gangue de garças, colhereiros e esses outros que não sei os nomes, mas estão quase sempre aí. Meio oculta sob uma árvore, observava os diferentes modos de se alimentarem, os usos diferenciados e anatomia dos bicos e enquanto isso passa uma viatura da PM. Diminuem a velocidade, me afasto da árvore e mostro que é a câmera o que tenho nas mãos, afinal, o bairro vizinho, muito próximo, está em guerras de quadrilhas, tiroteios, e o motorista  acena e segue adiante. Um pouco mais tarde, em outro local, quando voltava para casa, ao passar pelo posto policial, me fazem sinal para parar...eu estava de bicicleta, levo um susto, alguma legislação que desconheço, qual infração cometi?  Ouço um tremendo sermão do policial, por ficar me expondo a riscos fazendo fotos em via publica, que eu poderia ser assaltada ou pior. Que por favor, eu não mais fizesse isso, a menos que estivesse com algum acompanhante.    E AGORA ?  


*  Costumamos, sempre que nos encontramos, meus netinhos e eu, fazer passeios de exploração e descobertas. E frequentemente ao encontrarmos cavalos, cabras, o mais velho pedia para ver a lingua do animal. Cientistazinho, ele mesmo diz que vai ser pesquisador. Mas essa, eu só que vi, que pena!
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segunda-feira, 3 de março de 2014

Dia quatro na Patagonia Andina

Nossa, já faz um tempo, tanta coisa acontecendo e os relatos atrasando. Mas continua intensa na memoria essa viagem.
Na caderneta de viagem, encontro esta nota, que trancrevo, na íntegra, antes de falar dos passeiosdo dia :

Em primeiro lugar, agradecer à Vida. " Gracias a la vida que me ha dado tanto "(  e nem sei  se o espanhol está correto, mas as palavras de Violeta Parra são recurrentes em meus pensamentos, e o que está nos parenteses não está no caderninho. E segue:) E agradecer aos meus filhos e filhas, razão e sentido da minha existência, pelo amor, carinho, cuidados e alegrias. GRATA  a voces. Vontade de ir para as ruas e ficar gritando : GRATA, MEUS FILHOS !  AMO VOCES !  A cada um e aos companheiros que voces escolheram para essa jornada na terra.
15:00h
San Martin de Los Andes
O dia menos impactante até agora ou porque até muita beleza se torna monótono. Ao pedir uma CocaCola, a atendente me pergunta se quero " sorvete". Como ? Então descubro que aqui, canudinhos chamam-se "sorventes". Ainda me impressiona as cabeleiras das jovens argentinas. Os cabelos da Tamyres aqui, ficariam como os meus em relação aos dela.. O frio intenso, em torno de 8°c, é pior com a forte ventania. O vento ruge nas árvores, nunca havia escutado som assim. O lago gelado, as embarcações ancoradas, todas a vela ou remo, ao que li, não são permitidos motores neste enorme lago.
E do caderno, mais nada.

Então tudo mudou. Andre decide seguir adiante, o objetivo é San Junin de Los Andes e até o Vulcão Lanin. Muito longe do hotel, muito mesmo para a franquia do carro " de alquiler". Vamos por paisagens belíssimas e nuvens encobrindo a região do vulcão, que fica invisível até que...O vulcão !  Metade do seu cone oculto, mas a base visível, de seus tres mil e tantos metros de altitude já é emocionante que chega... Não, não chega, quem sabe, algum dia eu consiga ir até o topo, caminhando. Tenho me esforçado para melhorar minhas condições físicas que andam um tanto precárias, mas com tais motivações... Adendo : na volta, no avião, vi a parte do vulcão projetando-se acima das nuvens. Maravilha! E burrinha que sou, não fotografei. Mas está bem aqui, defronte das retinas da memória a imagem estupenda.
Rodamos em estradas de terra perfeitas, melhores do que nossos asfaltos. Paramos muito, perfeito, os geólogos admirando as "amostras", até recolhendo algumas. André posa de fortão, segurando duas grandes  bombas, assim se chamam as rochas expelidas dos vulcões e arremessadas à distancias incríveis, nome que rendeu muitas piadas, conto depois, da bomba que levamos no avião. Piso terra que já foi magma em historia geológica recente. Confesso que me emocionei e tive que conter lágrimas por estar ali. O "peito saltou" , diriam meus pacientes.
Nova fronteira com o Chile, decidimos não atravessar e ficar ali mesmo no Parque Lanin. Boazinhas que somos, eu e Dani, demos ao Andre 15 minutos para ele seguir pela trilha que vai à base do vulcão, chovia e Miguel é bem pesado para ir ao colo. Ficamos no carro, vendo arco iris de montão, uns passos pela  trilha para fazer xixi, é deixei meu DNA  em células descamadas de bexiga no chão, na terra do vulcão," vou voltar eu sei que ainda vou voltar" e seguir e subir. Sabíamos que os 15 m iriam um pouco adiante da meia hora de ida e volta e chega ele, com três minutos de atraso, encharcado de chuva e suor, usou mais do tempo para subir e desceu correndo para compensar. Tinhamos um pouco de açucar para ceder a um europeu acampado em seu carro, daqueles dois saquinhos que peguei no desjejum, vai que, mas sem lanchinhos, ó tolos que pensávamos ser tudo como aqui cheio de postos de combustivel  e lanchonetes nos caminhos . E voltamos parando e apreciando  e na noite alta, estradas quase desertas, bifurcações sem sinalização, o GPS fica sem bateria, mas o senso de direção do André é perfeito, e ainda aprendo a me "nortear" pelas estrelas...Ou seria "sulear"?  Estou em outras latitudes, longitudes.. atitudes. E então conheço as paisagens dos lagos à noite. Os reflexos das cidades. E conheço mais de mim mesma.


Mais desse dia, vou postando AQUI

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Dia tres

"Lembrem-se do saco plástico"

No programa, uma " idazinha" ao Chile, ao Parque Puyehue, coincidência, o nome do hotel onde ficamos em Sao Carlos de Bariloche, na Argentina. Criança que  sou, eu e meus porques,  pergunto no hotel o  que quer dizer : Hue  é lugar, Puye, que se diz " puche", é um tipo de peixe. Mas no parque o que  nos atraia seriam as fonte termais. André já visitara algumas na Bolivia e eu, na Grecia, mas queríamos conhecer essas. Aduana, filas, cães farejando os carros, sustos por não encontrarmos os documentos do Miguel e Mamãesaimos da Argentina e encontramos paisagens espetaculares na zona fronteiriça.Me parecia chão de areia entre as coniferas, Andre explica que são cinzas vulcânicas, que na ultima erupção no Chile, Bariloche ficou coberta de cinzas. Visto agora, na mata é lindo. Uma extensão enorme de árvores secas. Queimadas ? ou teria sido ainda do Vulcão ?  Mas chovia, a altitude aumentando - eu estava "pilotando" um GPS técnico, aprendendo - e a temperatura diminuindo, diminuindo, 1,5°c, a chuva passa  a  ser neve, uma amostrinha, mas para mim  que nunca tinha visto, uma maravilha. Mas seguimos,  a volta seria no  mesmo dia, a aduana fecha às  20:00hs, para entrar  no Chile, muito mais rigor, até as duas bananas para o lanche do Miguel tiveram que ir para o  lixo.  E um tempo enorme nas filas, entramos. Sol ! E logo percebemos uma mudança na vegetação circundante, maior diversidade, fazendas de gado,  chegamos ao Parque e...Decepção !  As tais fontes faziam  parte de um   enorme complexo hoteleiro, não como imagináramos, locais abertos onde caminhar. O que um grupo de "bichos-do-mato" iria fazer ali ? Hortências à beira da estrada. Adiante, um rio, e paisagens bem semelhantes às nossas, de nossos rios. Estica-se o esqueleto, o pequeno caminha pelas estradas, vazias, de meias, pois recusa sapatos para desespero da Mamãe. E, frustrados, retoma-se a viagem, de volta. Uma fila lenta e enorme de carros, um tempo perdido, aproveitado para estabelecermos conversa com outros viajantes, a familia chilena logo atras de nós pergunta de onde somos,  e dizem que acabaram de chegar de uma viagem ao Brasil, à... Buzios ! Pensando que não valera a pena, André pára o carro para fotografarmos a " areia" e quem sabe,  pegar uma amostrinha, quando voa pela janela do carro uma sacola plástica. PQP  ! Não se pode deixar esse lixo num lugar daqueles, a sacola voando ao vento, Andre correndo atras, Dani segue para tentar ajudar, o Miguel dormindo no carro, tranquilo, a viagem estava dificil para ele, os dentões nascendo, sem frutas para comer, apenas biscoitos e papas industrializadas, que ele não gosta, o sono ajuda a passar, a chegar logo na comida. E correm, a sacola dandouma canseira, até que finalmente ela é pega e nela coletadas algumas amostras do solo. Ao sair com  carro, por estarmos bem devagar, vemos uma estradinha sobre as cinzas, em direção a uma  "formação rochosa". Vamos ? O carro não tem tração ...Vamos !  E subimos em direção a uma "formação rochosa" e subimos e chegamos a uma das paisagens mais bonitas que eu já vi. Mesmo com céu encoberto que não permitia avistar ao longe, o perto é magnífico ! Paramos onde a estrada passava a beirar  um precipicio, medinho, né, não sabemos com  aquele solo reage à chuva. Carro bem longe da beirada, Andre sobe até  as rochas e nós ficamos aproveitando a Beleza, curtindo o vento que quase nos arrasta, o frio,caminhando,
 fotografando.
Graças a um saco plastico fujão. A partir daí, sempre que algo parecia não ser o que esperávamos, dizíamos :  lembre do saco plastico (e de como algo que parece muito ruim pode ser a entrada para algo incrìvelmente bom)



Mais fotos desse dia, estou postando  AQUI

e REVIAJANDO  nas flores, aqui




domingo, 16 de fevereiro de 2014

DIA DOIS - parte dois

Do hotel, seguimos pelo Parque Nacional Nahuel Huapi.  Tudo ali é Parque. Até a cidade está em áreas do parque. Fazendas, casas e vilas de veraneio. Um conceito bem interessante, a população integrada com a área  a ser preservada, cuidada.   Um Parque que foi fundado em       e expandido por diversas vezes. Possivel coexistir preservação e desenvolvimento ? O diferencial seria a educação dos habitantes? Me parece que sim.
Nesse primeiro dia de passeios  foi escolhido a visita ao setor chamado " Vila Mascardi" que além      do Lago Mascardi, ainda outros lagos e a grande surpresa do dia, a cor das águas do Rio Manso. Neste setor do parque visitamos a Cascada de los Alerces - Alerces  (1)  sao coniferas  que estão consideradas como as árvores mais antigas do mundo, algumas com mais de quatro mil anos de existência. O impacto de duas cachoeiras de águas azuis turquesa foi enorme. Não pude deixar de fazer uma comparação com o Encontro dos Rios, lugar que aprecio, amo, aqui no Estado, mas infelizmente para a nossa beleza, reconheço que aquela cor de lá me encanta. Aquele encontro de rios é mesmo mais bonito, mas são os Andes...
Daí e depois de um lanche em um espaço familiar, o destino foi o Ventisqueiro Negro, um belissimo glaciar que finda entre pedras negras  num lago  esverdeado sob chuva e onde boiam enormes blocos de gelo, icebergs lacustres. Vergonha, não sei termos corretos, tanta coisa não perguntei ao casal de geólogos que me levaram, outras aprendi e muitas ainda, esqueci-me, pois preciso de varias explicações até memorizar termos e acidentes geológicos. Mas que privilégio visitar estes lugares e ainda desfrutar de lições técnicas sobre as origens daquilo tudo.
E dali ao Cerro Tronador. Enormes cascatas surgindo das altitudes, de um glaciar, e que descem virando um rio, o Manso, que de manso só a impressão que deixou nos Espanhóís que encontraram sua foz.
Subi cerca de 400m em uma trilha na mata e sob chuva cerrada, sem abrigo de chuva. Pensava: desistir, nunca, as roupas secam no carro, se gripar, saro. Se morrer por isso, valeu. E subi. Bufando. Mas olhei, escutei, senti os cheiros e a força dos elementos. Molhei  minha mãos nas águas que desciam pelas pedras roladas. ali, onde o rio se mostrava. E depois que desci, já no carro, na volta, abaixo da " linha da chuva"  percebi que ali eu estivera em contato pleno com os "reinos das águas", o ponto onde um rio se forma, dentro de um semicírculo de imensas rochas que permitem à água recem transformada em liquido se apresentar,   e sob toda a água do céu, de nuvens condensadas que se precipitam naquelas rochas geladas. O princípio.
 Senti  com muita força essa experiencia, enriquecida por outra, outro dia adiante: a formação da terra.










sábado, 15 de fevereiro de 2014

Dia Dois

O começo das maravilhas

Ainda me espanto com minha capacidade de encantar-me.
Ao ser convidada para esta viagem, pensei, como quase qualquer brasileira:  "mas Bariloche no verão?  Todo mundo vai no inverno, ver neve, essas coisas".  Mas, convicta de que qualquer viagem vale a pena, bem, diria que quebrei a cara ?  Pois minhas expectativas de "quase nada" destroçaram-se ante à beleza que vi.  Não só a arquitetura agradável da cidade, e a educação de todos, motoristas principalmente, que não  precisam de semáforos ou guardas de transito para cederem a passagem e fazer tudo fluir calmamente lá,  mas as  belezas das montanhas e lagos, rios e cachoeiras e tanto mais. Sem tempo para uma pesquisa previa fui sabendo quase nada exceto que, cidade turistica - como a que moro,  e  com população equivalente. Sabia que era frequentada por brasileiros no inverno e argentinos e chilenos no verão. Isso confirmou-se, ante comentarios de varias pessoas -"brasileiros no verão?  E por não ter ouvido uma palavra sequer em portugues.
Frio !  Muito frio. Cerca de 8 graus, às 9h da manhã. Para isso eu estava preparada, fui avisada que estávamos sob uma frente fria, que verão lá quase é como o nosso, que os lagos são como praias, banhistas, coisas assim, mas que em toda nossa estadia seria mesmo esse frio. OBAAA!!!!! E vento !  Sob sol e céu azul, ou  nuvens. O clima perfeito !



E flores, tantas flores à beira das rodovias e estradas que se fosse parar a cada jardim, a cada quadro magnífico, não iríamos seguir adiante, nunca.

Das flores que  vi ?  Algumas fotos estão   AQUI

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Foi assim

que acabei novamente em um avião...E como gosto daquela sensação de velocidade, da decolagem.

Mas a historia começa como as outras, assim, de repente, algum filho resolve fazer uma viagem e presentear-me, levando-me junto. Nessas, que fui à Machu Picchu, Cuzco, Grecia, de Atenas até Salonica, do oeste ao leste,  e fui ao norte da  Escocia,  e ao sul da Inglaterra,  Amazonia pelas bandas do Purus e agora Bariloche, Patagonia Andina, Argentina, com uma passadinha até o Chile. E lá fui, como nas  outras, sem dinherinho nenhum mesmo, passeando como se rica fosse...Péeeraí!  Mas sou mesmo muito rica de valores que estão acima de dinheiros, afinal tenho todo esse amor dos filhos e filhas.

Dia zero:  domingo, de casa à Itaguaí, onde  iria pernoitar e encontrar Neto e Mãe, para seguir de volta ao Rio, bem cedo, ao Galeão, dia um. O filho  seguira com a bicicleta dias antes, já estava até cansado de tantas trilhas, dissera ao telefone. Eu e Dani  até fingimos acreditar. Transito lento, conforme esperado, cidade em obras, maquiando-se para os jogos que virão


Tudo dando muito certo, não sei para  que tanta ansiedade, tanta tensão. Tamyres voltou com o Valente para casa, primeira vez que faz isso sozinha. Chegou em casa antes de decolarmos. Tranquila. O voo atrasou  quase duas horas.
Miguel  detesta gente. Como a maior parte da familia, aliás. Pobre menino, sofria no avião enquanto entravam passageiros, tantos desconhecidos. Sofria nos saguões e lanchonetes.  E sofria pelos dentões que ameaçavam  nascer, justo agora. E sofria pois não via Dedé Papai.  que sempre está junto no meio de gentes. Mas como é bravo esse menino ! A tudo suportou e superou. Menos sapatos... mas isso eu conto depois.
O dia um  se completa,  encontrando filho/papai/marido, a cada viajante coube um encontro, e logo um aconchegante quarto, já bem tarde da noite, poucas horas em voos, muitas em  repartições, departamentos, guichês e saguões. Aprendi um monte.
Viajar sempre é melhor. Trago em meu anular um anel, verde,  para que me lembre sempre disso, mesmo quando aqueles  sentimentos  incômodos , disfarçados como depressão ou apego ao lar me arrastam para a desistência, está lá, em meu dedo, um anel de compromisso " viajar sempre que possivel"


De Buenos Aires, apenas o aeroporto.


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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Meus descaminhos confusos

Sou neta de famoso benzedor de minha cidade e há muito falecido Na casa de meus avós sempre havia uma fila de gente esperando pela reza, pelas receitas de ervas. Aprendi disso menos do que gostaria, mas talvez o bastante para entender que a ciência não é o unico caminho quando se trata dos males do corpo e que são tambem males da alma a que se chama mente, e que o dinheiro não é a unica retribuição pelo bem feito, pelo serviço prestado por essa tarefa. Mas fui adolescente rebelde, neguei os caminhos aprendidos, chamei superstição, mesmo sabendo do bem que recebera. Ainda bem que foi erro rapidamente corrigido, antes ainda de iniciar minha jornada efetiva  pelos caminhos da ciência médica.
Talvez por isso os amigos medicos me viam como  desviante e os amigos do saber tradicional não me aceitavam entre eles, por defender a ciência ( tambem ). Por perceber outros caminhos, uma síntese possivel.
Hoje em dia, ainda em meu grande período sabático sei qual caminho gostaria de seguir, mas estou cansada de lutar demais por ele, então prolongo meu descanso até que seja solicitada naquilo que creio. E não afirmo.

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ser demersal perdido, como perdidos estão esses animais, de sua essencia

Perdi o acesso a um dos meus alter egos virtuais.  Esqueci-me dos caminhos para chegar. Era tão secreto e tão pouco usado que nem eu mesma sei mais  como manipular novamente, depois de tres anos  sem movimentos naquele sentido. Justo agora que eu decidira partir para uma sintese dela com a Urtigão. Fiquei triste pelo falecimento  daquele ser demersal. Estranha sensação de poder visitar, mas não mais ser meu espaço. Visitar memorias, como a uma sepultura, ou um pequenino museu. Ver sem tocar, presa em uma espécie de aquário


Ubbalda, fica bem !

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Tristes dias

Um drama que se inicia, ou apenas uma fase de coisas que acontecem a todos e comigo acontecia muito raramente, então me causa essa estranheza  e esse pânico ?
  Tenho tido pequenos lapsos de memoria. Nomes de pessoas ou coisas que demoram a aflorar e algumas vezes até me obrigam a uma pesquisa, uma consulta para que me lembre do que sempre soube.
  O susto começou há poucos meses, quando por alguns breves minutos eu não reconhecia uma pessoa muito conhecida e que estava comigo já  há horas, um dia,  apos meses, anos de afastamento. Atribuido ao problema que gerou o afastamento, um bloqueio psicológico quando do reencontro e perdão, associados a duas noites de pouquíssimo sono.Tá.
  Sabedora da minha situação potencial de alto risco para Alzheimer, devido a uma vida de privação de sono pelo trabalho noturno e diurno continuados, associados à violencia sofrida na infancia com pancadas na cabeça  e  depois, bem mais tarde, quando vitimizada por violencia domestica, novamente a cabeça,por alvo, por não deixar marcas, assim como a tortura que incluia a privação de sono nas noites em que poderia dormir entre plantões, mantidas por anos pelo medo das ameaças proferidas, caso eu reagisse ou denunciasse, de que  meus filhos seriam vitimas fatais, antes da Lei Maria da Penha,  e jamais tive coragem de arriscar romper esse circulo, até que por outros fatores e muito trabalho e ações ocultas , ele se rompeu.   Mesmo que a ameaça, distante, persista sobre mim, espada de Dâmocles, infinitamente, de tempos em tempos, fazendo  o medo se manifestar,  por ser ativado pela presença do torturador que insiste em se mostrar, tenho tentado a libertação. E alimentação precaria, com abuso de estimulantes à base de cafeína.
  Novamente  alguns esquecimentos, nos nomes, em atos., apesar de estar dormindo bem, me alimentando conforme se deve, segundo os manuais . Talvez uma, duas  ou tres situações de stress recentes, preocupações inevitaveis,  apenas, tenham acarretado isso, dessa vez. Talvez uma visão pessimista e assustada do que são fenômenos comuns, normais. Talvez.
Tomara

domingo, 1 de dezembro de 2013

ALOHA

Bom dia amigos Com tantos afazeres, atribulações, não tenho vindo contar das minhas indignações. Mas é porque estou contando lá, intensivamente, e porque estou sem acesso às minhas fotos, perdidas no pc que envirei, ou, permiti que ao usar baixassem virus, por aceitar que outros usassem, por minha dificuldade em dizer NÃO, por não querer ser egoísta aos meus queridos, filhas, netos. Então estou usando um antiguinho, emprestado - cedido, doado, por um filho, mas maquina que não aceita que se baixe fotos,e enquanto aguardo a recuperação do meu. Acontece que, pelo mesmo motivo, permitir, a filha baixou nesse um virus - ( parenteses para um palavrão contra mim, contra ela ) e antes disso, o netinho que mora comigo, arrancou a tecla " O " e danificou a do espaço que tem que se apertada repetidas vezes até "espaçar", o O acionado no buraco que ficou, de forma repetida até funcionar e a cada intervalo curto, apagar as porcarias que o virus aciona e aparece na tela, propagandas e propagandas, um desespero, um teste de paciência, uma lição, que mostra o quanto o NÃO é necessário e que nem sempre um erro - o egoismo é na verdade um erro, pode ser um bem. Então o não-perdoar poder ser também um acerto, quando a violência se repete, por quem SABE o que faz. Exemplo, encontrar ao chegar em casa, no portão, no exato momento que chego em casa, de um passeio agradável, a praia, ontem, o algoz de outros tempos (?), que mora em outra cidade, uma das causas para eu ter me mudado de lá - o que foi bom, vir morar aqui, mas ver essa criatura em minha rua,que não é passagem, serve apenas aos mradores, em minha cidade, num flagrante de violento desconforto, intimidação, desrespeito, reacendendo lembranças de tudo que fez, materialmente,fisicamente, psicologicamente, não, perdoar se torna impossível, já é muito não ter me tornado também violenta por represália. É mais que impossível, uma afronta ao meu EU, e até ao meu espírito. Ver em seu olhar o deboche, a crueldade, sentir medo novamente.Humilhação. Não é a primeira vez que surge aqui, assim, e se hospeda em pousadas na vizinhança e eu o encontro nos exatos momentos em que saio ou chego... Mas estou forte, estou bem, estou feliz, estou praticando um esporte que é mais que um esporte, é solidariedade, amizade, respeito.

A Akahai - Bondade - ser gentil
L Lokahi - União - ser receptivo
O Olu'olu -concordia
H Ha'aha'a - humildade
A Ahonui - paciência

 ALOHA

 e vou remar na Wa'a "canoa hawaiana " com gente alegre, jovial, jovens e velhos em cronologia mas que não parecem ter a idade que dizem que tem. Estar com elas e eles, aprendendo coisas novas, isso me faz muito feliz, estou acima da maldade que trazem até mim
 MAHALO


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Deslocamento

A noticia abaixo, apesar  de comum, me choca, me deprime. Mas também fico chocada pelo deslocamento dos sentimentos de raiva por parte  da população, da família. Frente a um fato terrível como esse, a família "culpa a demora do atendimento medico" pela morte da criança e certamente encontrarão uma pessoa  a ser responsabilizada, ou culpabilizada por essa demora. Um  médico.  Não o governo. Não a instituição hospitalar. E sequer tentam atribuir a culpa aos atiradores, que dispararam os tiros. Nem à policia, que raramente prende esses criminosos. Quem sabe, algum membro desse grupo-alvo que teria feito algo para atrair sobre si tal violência poderia ser pensado como culpado. Num extremo, Deus seria o culpado, porque não protegeu uma inocente criança que estava em um culto Lhe rendendo homenagem, devoção. Nem ao menos compartilhar essa culpa entre tantos, mas a culpa é da demora do atendimento.

http://www.jornalfolhadebuzios.com.br/?p=6718

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Zona de desconforto

Bom dia !  Dia 19
Ando medrosa, escaldada , intensa, recolhida. E evito sair da zona de conforto. Eu ! Assustada.
E como sempre, um "sinal", não encontro as sandalias de rua, de dirigir, não posso não ir, um sinal, um ato falho, atender a qual filosofia, teologia, tudo corre sempre bem, de qualquer jeito, é o unico jeito que corre, a não escolha é imaginação, o não possivel, porque não feito, não é,  estou no melhor possivel, sempre.

A 70 km de casa, atravessadas zonas urbanas lentamente, lembro: esqueci! O celular!  Os dois.
Voltar, atrasar-me muito, muito, o que fazer, eu não tinha, antes de ter, e  tambem vivia, e tambem fazia, resolvia, quatro encontros programados, sérios compromissos, interligados, a serem definidos ao se chegar próximo, ao próximo, circuito inicial de quase 300km. Arrisco. Sigo.
Primeira complicação em urgência, fora de programação pretendida, superada, vencida, atingida a primeira programada, como um rallye, mais um , desses de vida.  Um erro, tá fora. Na cidade que não queria, buscar quem eu queria, no portão de quem não queria, seguir, buscar, reunir, passar
Intuição ou inteligencia cogitativa em plena função. Previsão ? Algo insiste, incomodando.
Segunda missão cumprida, exito 95%, mas talvez os 5% faltantes tenham mesmo ficado de fora, sei com o que lido. E ganhei flores, e muitos sorrisos e abraços.
Areias e lamas, do principio ao fim, por onde passei, tantas obras nas rodovias, expandir, tantos carros, eu também vou de carro, meus motivos, justificativas, minhas apenas, bem poderia ser diferente. Escolha. Tanta árvore picada.amontoada arrumada, ou revirada, a terra vermelha obscenamente exposta, extensamente. E seus violadores. Eles,respondendo em suas maquinas,  mas todos nós, culpados,  meus motivos, seus motivos.
A grande-cidade-grande, que sorte, o transito se arrastava sempre no outro lado, no outro sentido. Etapa tres vencida, pouco atraso, somado pouco a pouco desde o inicio. Etapas quatro, e cinco  e seis, havia sido previsto que uma teria, certamente que ser excluída, não foi, trabalho em equipe, a cada etapa, mais um ou dois membros efetivos eficazes somaram. A trupe.
Tão abstrato e chato, parece, quem me conhece, amigos daqui e de onde, imaginam.
A intuição vira fato, espanto, duplo espanto, pelo cogitado, ou intuído, pelos motivos, tudo tem motivo. Ou não! A partir daí, a força atuando, o esforço, as lutas internas, e atitudes externas. Superação sem humilhação. Ou confusão. Nem relação.
Tudo se ajeita, muita alegria, reunião entre quem se reunia,(mantidas as desuniões), tudo certo, aguardar mais um dia.
Li Pondé. Rio de Janeiro, poluição. Poluição.





domingo, 6 de outubro de 2013

Bom dia ! Dia tres
Se eu não estiver aprendendo algo, definho. Se definhar, morro.
Se eu não estiver plantando, vendo crescer, colhendo, eu murcho, seco, e se murchar, eu morro.
Por que nasci e sou essa pessoa com tamanha ânsia de liberdade se minhas possibilidades sempre são de grilhões, porque os escolho, porque mesmo sem escolher me são apresentadas como unica opção para exercer certas condições de responsabilidade que também me são essenciais ? Entendeu ? Duvido.
Sem poder estudar, tenho apenas para aprender a tolerar, a suportar. Sem poder plantar e só sabendo que sempre pode piorar, pois se não posso agora, quando a caracaça não mais aguentar então não poderei mesmo. Esperança é a palavra do dia.
Bom dia !  dia seis
A cada dia uma nova flor em algum cantinho de um misero jardim/jardineira. A cada dia uma colheita de fruta ou folha para desfrute dos humanos que aqui moram e que cuidam. A cada dia algo morre nesse jardim, uma fruta cai verde da árvore, arrancada pelo vento, uma flor de seu vaso arrancada, dilacerada pelos cães, estranha e móvel imutabilidade. Fé, eu diria...

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Em dobro é melhor

Subi a Serra novamente,a mesma serra, o mesmo caminho, mas com chuva fininha, frio fininho, nem precisei usar casacos, só um, fininho.

Nada é apenas um acontecimento, uma ação, um fato. Tudo faz parte de uma cadeia de eventos com alcances inimagináveis.



Esse mundo mágico me surpreende.

sábado, 28 de setembro de 2013

Ontem

Enquanto eu subia a Serra, ontem, eu "meditava"  e dirigia meu carro, o Valente Quartomóvel, dirigindo e digerindo meus piores sentimentos como sempre, descobri que, afinal, eu tenho fé, sim. Sempre pensei que minha mente que duvida de tudo e de mim mesma e se mantém como se suspensa, investigando sempre sem concluir nada, nunca  fosse capaz disso, fé em algum Deus. Mas descobri que minha fé em um Deus é enorme, pois a divindade em que creio, caso exista, não precisa que lhe puxem o saco. Não é dependente de bajulação, oração, nem precisa ou deseja que se grite ou brade seu nome. Afinal é Perfeição. E isso não é compatível com vaidade, arrogância, intolerância, como vejo nesses deuses cultuados por todo lado, criados à imagem e semelhança de seus adoradores.  Não precisa de religião, não quer que se fale seu Santo Nome em vão. A Divindade Ama e Cuida  em todos os momentos. Senão, não seria Divina.


Mais, http://serdamata.blogspot.com.br/

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Atualização

Porém não tornando em ato, apenas no sentido quase de fofoca, informando passos e pensamentos. Confusos, como sempre, desordenados, os pensamentos, porque os passos se repetem  sempre e sempre  pelas mesmas pegadas, mesmo trajeto, outra e outra vez. Já os pensamentos, surgem, desaparecem, embolam-se, não naquele temivel sentido do esquecimento, ameaça constante, pairando como a morte, desde a amostra dada, mas no sentido de renovação e  falar de fênix, novo eu, coisas assim,  é tão lugar-comum, que ultrapassa a minha capacidade de repetir expressões desse tipo, mas é isso que quero dizer. Ao ter ido a lugares mentais além da imaginação, revolvido sujeiras que sequer considerava possivel ainda existirem  em meus pensamentos e memórias, atolada no lodo de mim e, ao mesmo tempo brilhando colorida sobre a superficie, como aqueles encantadores nenufares que estão em meus caminhos, me constato tão  humana !  Eu, que me considerava em uma posição, de certa forma, sobre humana, além do humana.  ( Friedrich, me perdoe a apropriação, mas somos irmãos, voce e seu gênio, eu e minha admiração pelo Gênio).
Cairam meteoros de acontecimentos na instabilidade estável de minha vida, poeira subiu, poluiu, emoções explodiram, dispersaram, ricochetearam, me feriram
Adoro viver, adoro aprender, quero  ter esperança de ter muito pela frente e quero  ter capacidade de olhar para traz, de forma carinhosa e crítica.


foto de domingo ao  anoitecer, em Viçosa, MG
aniversario do Gabriel, 7 anos,vai  ter postagem no espaço das historinhas.vou fazer,ainda pois  Arthur acordou, quer ver video no pc. Quem quiser saber, que volte aqui, entre nos links que vou pôr, venha me visitar  de novo.

sábado, 10 de agosto de 2013

Dia dos Pais



Comprei flores novas, humildes, para enfeitar a casa, a natureza retribuiu meus esforços e deu-me flores no jardim, efêmeras, mas suficientes para alegrar um tantinho minha alma dolorida nessa data. Não por saudades do meu pai, até penso em como deveria ser bom ter pai, afinal, ele não era como a Mãe, cruel, mas simplesmente fugiu da convivência. Pagava uma pensão minima aos filhos, entendo, não queria dar dinheiro aquela mulher e afinal, com seu histórico, descobri muito depois, nem sabia se seus filhos eram seus. Então não doou amor, afeto, apenas o dinheiro para evitar a fome, aliviar a culpa do abandono, cumprir sua responsabilidade legal,  enquanto assistíamos sua nova familia com recursos aos quais nós não tínhamos acesso, numa vida que era a de nossos sonhos. E como era ruim o ter que ir buscar o dinheiro do mes, uma, duas vezes até que "dava"  sempre associado a algumas" broncas".  Dele, me lembro bem, só mau humor, reclamações. Muito depois fui saber de enormes esforços que fizera quando éramos bem pequenos, eu e o mano um pouco mais novo. Está perdoado, certamente. Fez o que podia, mais, não conseguiria.
 Mas o que me fere nesse dia dos pais, o fim de semana dos pais, é que eu não ganho presentes e não sou homenageada. Eu, que fui pai de um irmão, bem mais novo, esse confirmadamente não filho do mesmo pai e cuja chegada causou a separação do casal, finalmente. Trabalhei para ele, para que estudasse, vestisse, tratasse seus dentes.  Depois fui pai, ou como dizem, Pãe,  de meus filhos, desde que nasceram.  Do meu trabalho exclusivamente que puderam morar, alimentar-se, vestir, estudar. Do meu trabalho é que puderam desenvolver seu caráter, sua formação. Costumo dizer que mãe, fui nota 8, afinal sou um fracasso na cozinha, mas sempre providenciei alimento no prato, então, como pai, fui nota 10 .O pai, biológico, que se dizia estudante quando convivíamos, de psicologia, era na verdade um exímio mentiroso. Até livros comprava, não posso dizer que desperdicio, pois li todos, muitos tratados da área. Mas descoberta a fraude, dito que eu servia para dar casa, comida e dinheiro para o Motel, continuei, só, mas sem ser roubada por um tempo. Poucos anos. Como Pai e Mãe. Aí, acreditando que a recompensa viria, seduzida por alguém que mostrava ser bom pai de seu filho, da idade dos meus, pimba, caí no conto dos mentirosos, de novo.  Mas pior, pois agora, a mentira exposta, a situação foi mantida por violência, intimidação, ameaças. O Medo implantado manteve o laço. E continuei "Pai", e lutando contra um padrasto, pela segurança das minhas crianças. Explorada, humilhada, constrangida. De cabeça baixa, escondendo-me na vergonha, acusada de fraca, enquanto buscava  forças para sobreviver, na esperança de um dia escapar. E tanto fiz que consegui, conseguimos. Apanhei muito para que eles pudessem estudar. Apanhei literalmente, na cara, na cabeça, pernas, costas, muito, muitas vezes, mas não cedi, no limite das ameaças de morte a eles, aos filhos, caso não fosse como determinava o algoz,violencia cometida  por alguem que sabia que ficaria impune,  que descrevia o quadro futuro, como faria, como se livraria. E com um filho  a mais, aquele que ele trouxe ao "casamento", que tambem vivia as custas dos meus esforços e trabalho, para prover, para fazer.
Então surgiram elas, mais duas, acolhidas, vindas  de um passado mais duro que o meu, com um futuro tenebroso caso nada fosse feito, ninguem fazia, então fiz. Com medo, o Monstro ainda era meu senhor, enfrentei, dei meu nome, elas me deram um pouco de paz;  na sua frente, o mostro suavizava-se, mas não deu seu nome na certidão de adoção. Para elas, ele dá algum presente, paga alguma conta, nada ainda perto da restituição de tudo que me tirou, dos bens extraidos a socos e pontapés e nada perto da real necessidade, dos gastos necessários para sobrevivência.
E agora um neto, filho de uma das meninas, moça já, quase  adulta, estudante universitaria e de um  pai que não provê, que não cuida, que espancava  a moça grávida ou no resguardo, até que eu soube e retiramos ela da casa, com força policial, e que exige direitos de pai  por uma pensão em lei de 200 reais. Moram, mãe e filho,  aqui, lógico. Minha casa se torna a alegria dos netos, meus espaços de quinquilharias de valor afetivo, substituidos por brinquedos. E divido do que tenho para que ele possa ter casa, sua casa, espaço de amor, algo como seus primos tem com seus pais e mães.  E sou mantenedora, pai, sem poder ser totalmente avó, pois não posso mimar como quero quem precisa de alguem mais para educar. Agora bem mais fácil,  é verdade, pois meus meninos, homens de bem, cuidam de complementar as necessidades financeiras para que sejamos classe média.
Mas no dia dos pais, todos vão para algum lugar  em busca de Pai, seja o sogro, seja o que não deu nome de pai na certidão, e eu, fico só. Num absurdo e solitário dia dos pais.
Lagrimas sempre escapam nesse dia. Sou chorona mesmo.  E nesse fim de semana nem posso viajar, como faço quando fico muito triste, passear , pois aqui estou, de repouso obrigatório, convalescendo de procedimentos dentários extensos, sérios, e dolorosos tanto no físico quanto na alma, e que não mais podiam ser adiados.
Eu devo mesmo ter sido muito má na ultima vida.

domingo, 28 de julho de 2013

" Dona Oswaldina " - segunda parte

 Sempre que a ambulância era chamada,  Dona Oswaldina era encontrada caida na calçada, a poucas dezenas de metros de sua casa,  numa curva de uma ladeira moderada. Certa vez, cansada daquela rotina, considerando ser injusto com todos os pacientes que de fato precisavam do atendimento de urgencia, fui pesquisar. Vi que do ponto onde ela era encontrada sempre " desmaiada"  no chão,  se avistava a ambulancia, ou qualquer carro mais alto,  bem abaixo, antes de curvas, na rua. Então, no plantão seguinte, ao ser acionado o socorro, fui eu mesma  atender. Não poderia, já que como chefe de equipe, não deveria sair, mas era pertinho, designei  substituto e fui. Seguimos por outro intinerário, um pouquinho mais longo, mas que nos faria chegar ao local pelo outro lado, no sentido da descida. Sem sirenes. E, conforme esperado, encontramos a pobre senhora de pé, esticando-se para ver se chegava seu transporte e poder deitar-se a tempo. Voces podem imaginar o susto da coitada ao pararmos ao seu lado. E ouvir do motorista a afirmação : " Que bom que hoje a senhora melhorou ! "
 De outra feita, num raro dia de sala de urgência de mulheres praticamente vazia, e apenas eu no atendimento, por tratar-se da hora da refeição noturna da outra colega, confesso, sem saber se devo envergonhar-me ou não, que tomei uma atitude que,  na época considerei educativa. Ao chegar dona Oswaldina, desmaiada, com sinais tipicos e reconheciveis de longe do tal DNV, distonia neuro vegetativa, ou" piti" , ou simulação,  não  levantei imediatamente para atende-la. Pelo contrario, deixei que permanecesse na cadeira até que, com medo de passar a hora do jantar, ela acordou expontaneamente.  Como sempre, perguntando " onde estou", olhando ao redor, " que frio" , ao que respondi:  - Calma, esse frio é  efeito da injeção que a senhora tomou para ficar boa.  Ela fuzilou-me com os olhos. Deu até medo. Mas não ousou desmentir-me, pois seria desmascarar-se. Sabia que não havia tomado nada. Mas sabia que dizer isso seria assumir sua farsa.
Medico sozinho  não faz saude. Essa, e tantos outros. precisava mesmo era de acompanhamento psicológico, alem do acompanhamento do serviço social, que providenciamos, por ser este disponivel.
E eu, já deveria parar de ser médica, por ter diminuida a compaixão. Mas compaixão por  ela acarretava a menor compaixão por outros. Seu atendimento, desnecessário e inutil  naquele local, prejudicava a necessidade de atendimento de outros. O que fazer ?
 Ela passou, por algum tempo, a evitar meus dias de plantão.  Por algum tempo, curto.



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Médico sózinho não faz saúde

Em primeiro lugar, é necessario um ambiente saudável. Ar, água. Saneamento, higiene, alimentos. Acrescenta-se educação, para saber discernir e fazer escolhas saudáveis.Vontade. Sem falar de outras como trabalho, lazer, etc. Então, se mesmo assim houver  um desequilibrio da matéria, uma falta do" completo bem estar", ou mais, se uma  doença acometer, por causas externas ou internas, e não puder ser resolvido  pelas formas da tradição familiar, chás, infusões, técnicas eficientes há milênios, que venham o médico e sua ciência. Cada vez mais cientifica.  Mas justamente pelo carater cientifico, especulativo, empírico, a saúde da pessoa não pode  ser abordada em apenas uma de suas dimensões. Negar a complexidade é anticientifico.
Então, vou contar aqui umas historinhas. De pacientes que ocupavam serviços de emergência, quando na verdade deveriam estar sendo cuidadas por outros profissionais. Pena, que com tanto avanço cientifico, e de informação, nossos politicos, governantes, ainda não perceberam isso. A necessidade de uma abordagem integral para a saúde. Mais é menos, nesse caso. A contradição aparente é fundamento.  Mais profissionais de diferentes áreas equivalem a menos doentes.  Certa vez um prefeito médico afirmou que investir na saúde é  aplicar recursos em um poço sem fundo. Eu penso que investem errado. Da forma com que é feito, nenhum poço nunca será suficientemente preenchido. Tragam mil, dez mil, cem mil médicos e venham de onde vierem.

Depois dessa longa introdução, vamos contar historias.




Aí está. A mais marcante, pela assiduidade, primeiro.

Vamos chamá-la  Dona Oswaldina. Uma senhora de seus cinquenta anos, pequenina, como são muitas das senhoras de sua classe econômica e social . Magra, pelo biotipo ou pelas restrições nutrológicas ao longo de sua vida,  Chegava trazida por ambulância, sempre.  Aos olhos leigos, desmaiada. Em maca de remoção ou as vezes em cadeiras de transporte, quando as macas estavam em falta, insuficientes,  por ocupadas. Chegando na sala naquele estado, era imediatamente examinada por um dos médicos da emergência, em detrimento de outros pacientes que aguardavam na  fila, interminável , ou no lugar de reavaliações de pacientes que aguardavam liberação ou  vaga para internação.. Avaliados os  sinais vitais, sempre normais e o estado de consciência, só " acordava" ante uma injeção. Os colegas novatos e inexperientes apicavam algum antidistônico, sedativo  e ela dormia algumas horas. Os mais experientes em atendê-la aplicavam um placebo ao que a resposta era imediata. Abria os olhos, tremendo, perguntando onde estava e queixando-se de muito frio e logo a seguir, de fome. A enfermagem, solícita e por autorização médica liberava um prato de refeição. Interessante notar que sua chegada sempre coincidia com o horário das principais refeições do pronto socorro no hospital do qual fazia parte. Agasalhos, frequentemente lhe eram fornecidos. A cidade é fria. E dia após dia, vinha dona Oswaldina. A assistente social promovera visita domiciliar, ela tinha uma casinha em uma comunidade  próxima, do jeito que são essas casinhas, barracos, em comunidades carentes, onde vivia com um filho adulto, doente, insuficiência renal, com historia de diversos abandonos de tratamento. Nessas visistas do serviço social  foi levantado que as roupas que ganhava,  mal usadas eram jogadas fora quando sujavam. Que os alimentos da cesta basica que lhe foi garantida, eram jogados no lixo, sob alegação de que não prestavam. E persistia chamando ambulância, quase diàriamente, o que deixava outros pacientes esperando mais tempo pelo atendimento, e ocupando  serviço de emergência, macas, tempo das equipes e algum medicamento desnecessario.E quando atendida por calouros do serviço, novatos, ainda utilizava recursos diagnosticos como exames de sangue, RX, eletro.ardiograma, Quando haviam novatos em varios dias, fazia exames varios dias da mesma semana. Afinal, serviço de emergência, pronto socorro, não tem ficha de acompanhamento para pacientes liberados. E  não se pode recusar atendimento. Vai que dessa vez... E ao chegar na sala, nem se pode deixar para depois, pois além do "vai que", ainda o risco do profissional ser linchado por omissão de socorro, pelas pessoas que aguardavam seu proprio atendimento  e seus acompanhantes. Afinal, todo médico é mesmo safado, filho da puta, negligente, vagabundo.
Depois conto mais, dela e de outros.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sucateamento da Saude

Eu sempre dizia, e  pessoas que comigo conviveram, devem se lembrar disso, que essa era uma das estratégias dos politicos para  acabar com a pobreza:  atraves do exterminio  dos pobres. E isso vem sendo sistematicamente conduzido. Enquanto fingem ser bonzinhos, dando o peixe, envenenam a água.  Metaforicamente falando, ou não : o caso em andamento das mortes em Alagoas . Ensinam pelas midias como NÃO ter saúde e sucateiam os serviços de atendimento médico, transformadas em antecâmeras da morte. Os médicos são treinados, condicionados, pelos sistemas, midiaticos e educacionais a acreditar na cura  pelos remédios e tecnologias produzidos por essas mesmas  "forças", deixando a prevenção relegada aos interesses das corporações que produzem dinheiro, sendo que este nem mais existe, apenas cifras inimagináveis em arquivos de computador, sistemas bancários, sem lastro, sem realidade. Imagino o cofrezinho do sr Eike, ou de  Bill Gates, ao modo do cofre do Tio Patinhas. E no entanto, a miséria crescente, permanente na historia, essa é bem visível. A fome no campo ou nas cidades, aqui, nesse país, ou lá, Africa, e outros do Oriente, de onde mal  se houve falar,  aliviada, enganada, com milho transgênico , ou quimicos colocados no feijão, para sua conservação, para livra-los das brocas, mais uma forma insidiosa de assassinato em massa, lento o bastante , para permitir que consumam ainda dos produtos criados, enquanto se espera pelo crescimento de novos consumidores, filhos daqueles,  enquanto as pessoas são expulsas das terras, afastadas materialmente e culturalmente da salvadora agricultura familiar, para acúmulo de tão poucos e seus cofrezinhos imaginários.
Sim, eu sinto muita raiva. Porque fui acreditar, na infância, em um deus misericordioso e justo, e depois, descrente desse, ainda na juventude, na possível igualdade social, marxista, que só se mostrou uma outra força de dominação e não de promoção de direitos, liberdade, fraternidade . É, também acreditaria nos ideais da Revolução Francesa, que se tornou apenas outra forte fome de sangue, de vingança, e não promoção do BEM.
  Aristoteles escreveu que o Bem é aquilo para o que todas as coisas tendem. Engano seu ? O que estaria pensando, agora, de seus conceitos éticos ?  Tão utópicos quanto a Republica do Platão . E os  demais profetas de todas as religiões ?  Jesus, Maomé ?
Por que essa raiva ainda não me matou ?  Pois raiva mata, pelo coração, pelo figado, pela vontade.  Respondo: entre as hipóteses  que escolho para sobreviver, está a da reencarnação, onde cada um está vivendo o que escolheu para si, antes do nascimento, o primeiro arbítrio, e  para seu desenvolvimento, ou conhecimento, para seu caminho maior. Só assim olho a fome ou dor de criancinhas, sem me desesperar até a morte, sem desistir da vida.
 A duvida ainda persiste, principalmente entre os principios taoistas, da Não Ação  e os da caridade cristã, islâmica, budista, esses, o da compaixão, que assumi para minha vida. Compaixão, de Compassio, sentir junto  e daí, fazer o que for possivel, sem colocar limites nesse possivel, tentar sempre ir além de. Principios  que frequentemente tenho questionado, mesmo sem abandoná-los.
Trabalho de formiguinha, sem a  colônia, ou  apagar incendios com a agua que carrega no bico o beija flor.
Da Saude do Outro, eu quase desisti, aposentada, não quero voltar a dar murro em ponta de faca, ensinar a quem não quer aprender, tão endurecidos estão pelo que lhes ensina o sistema.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Nada muda, eu não mudo

Um dia desses postei em outro espaço daqui, lá no "SER..."  que era urgente me reinventar. Porque tinha levado um grande susto da tal Vida  e se não fizesse algo, as consequências seriam funestas. Mudei um pouquinho, tão pouquinho que nem notei e passados poucos dias, nem esse pouco existe mais em minhas mudanças necessárias. Continuo a mesma, revoltada, inconsequente, mas muito feliz e infeliz também.
Como fazer, se de dois passos à frente, voltamos um atras, como diz sempre uma grande amiga ? E se nesse passo de volta, ao seguirmos, não vamos em frente, mas para o lado, como carangueijo? Dependendo do ponto de vista, não avanço nada.  Nem aprendo. Apenas me recordo que ainda não aprendi a mesma lição. 







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