As vezes me toco em como sou estupida mesmo. Fui aceitar um trabalho, outro " cuidados médicos em eventos", porque preciso muito do $$$$$$ para saldar uma dívida com minha irmã, dívida que se arrasta a ponto de me envergonhar imensamente. Agropecuária. Evento para estimular a matança de bovinos. Já me incomoda. Só que ao chegar lá, descubro que era eufemismo para acompanhar uma companhia de Rodeios. EU ODEIO RODEIO !!!!!!!!!!!!!!!!!!! Odeio maus tratos a animais. E não podia sair, abandonar o posto. É crime. E permaneci, no fundo satisfeita em saber que na véspera um " Peão " havia sido pisoteado por um touro, e culpada por me regojizar com o sofrimento humano de um ser apenas ignorante. Mas lutando para não desejar que todos os peões se dessem mal. No segundo dia, (a burra gananciosa ou necessitada assumira 36 horas), pelo menos eu não estaria presente no horário dos rodeios, vou ver um carneiro que desde a véspera estava amarrado perto do meu carro, pastando; penso eu, idiota que sou, para aparar o mato que por ali crescia, bicho sujo, certamente não para ser exposto, e que neste dia começara a balir sem parar. Vou conversar com o animal, faço-lhe cafuné, ele se acalma. Grita novamente quando me afasto, volto e fico ali um tempinho conversando até que a recepcionista vem me chamar:- " Doutora, atendimento !" Vou então, um início de resfriado. Busco ser simpática com meus pacientes, puxo um tiquinho de prosa, dou conselhos sobre alimentação , e o senhor, que cuida da limpeza das baias (? é assim que chama ?) dos Nelores expostos, diz - " Ah! mas hoje a gente vai comer bem, o patrão mandou um carneiro para queimar. O churrasco vai ser bom !" Engasguei. Chorei. Desabafei com os colegas da equipe, ninguém entendeu meu desespero. Certamente virei alvo de chacota o que não me importa nem um pouco. Não tinha como roubar ou comprar o pobre bicho que chorava, ele seria também logo substituído por outro. Arrisquei - " gente, Cordeiro de Deus, é como se referem a Jesus " risos e afirmações do quanto a carne de carneiro é gostosa.
Ainda lá, e reforçado depois em casa, decidi (durante minha noite agitada) : que se danem minha irmã e minha dívida. Pagarei quando puder, se ela se apertar, não tenho solução, vendo meu carro. Mas isso,esse trabalho, não. Não mereço. Não posso.
( foto de 01/10. Sob a sombra das arquibancadas e submetidos a um calor infernal, sem vento, ficam em minusculas barracas as equipes de apoio, alguns com esposa e filhos, alem de alguns peões que sonham com o sucesso )
7 comentários:
Mas que situação!!
Agora, só não concordo com que se insulte a si própria: não poderia adivinhar , né?
E que Deus nos ilumine a todos!
Um abraço fraterno
Os meios não justificam os fins, nem vice-versa...
Abraços.
Querida,
Que ruim foi isso, mas tudo passa, graças a Deus(seja quel for).Não tenho aparecido por aqui, pois estou na roda-viva da vida,correndo sem descanso de lá para cá,agora reformando a casa,ensinando português para minha pobre filha(que TEM que passar de ano,mesmo tendo chegado aqui em junho)tratando de um tudo ao mesmo tempo para poder ir para a Äfrica no fim do ano.Mas não vim me queixar não, vim para dizer que sempre tenho um pensamento bom para você.Muitos beijos e abraços virtuais, mesmo que somente em pensamentos, te desejo BEM.
Até mais,bjo
Calma, garota! Já passou... E apoio tua decisão de não vender o meios pelos fins. Acho que tua irmã também deve concordar, não?
Abs
Existe uma valeta entre o cérebro e a língua que nem todas as palavras têm força para saltar. Fica ali pela altura da garganta, e as palavras medrosas ficam ali aglomeradas apertando o espaço, decidindo se voltam pra trás ou acampam ali mesmo, enquanto fazemos cara de quem não tem nada a dizer, e às vezes desce uma lágrima.
Isto explica porque me furto de tecer maiores considerações sobre o belo e franco e verdadeiro texto que você acaba de postar. Consigo dizer, porém, que concordo inteiramente.
Aqui entre nós: acho que eu também não tenho estômago para isso. Boa semana, fica bem!
Os espectáculos que implicam o sofrimento dos animais não devem durar muito tempo.
Barcelona, por exemplo, aboliu a tourada em toda a Catalunha. Foi muito polémica, mas a ideia vingou... Outros se seguirão, por certo.
Querida amiga, desejo-te um bom fim de semana.
Beijos.
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