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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Felicidade

Fui dormir em meu quarto que não tem casa, no meio da mata que amo.  Meses que não ia. Chegando quase meia noite, o que é totalmente contra-indicado, num quarto entre paredes, sem habitante há meses, chegar à noite. Fazer o que, as vezes a vida, as circunstancias, nos colocam dilemas assim. A fechadura estava emperrada, Tento, 10, 15 minutos, finalmente abre. Ufa !  Interruptor  ao lado da porta, click...nada. clickclickclick, nada, procuro o do banheiro - é meu quarto na mata tem banheiro e luz elétrica, total, dez metros quadrados...click, nada, sem luz. Contas em debito automático, desço, examino o relógio-marcador-medidor, movendo-me entre o negrume da noite, com uma lanterninha que usava para examinar gargantas e reflexos oculares quando trabalhava; examino o poste, com o flash da minha velha e humilde Sony,varias fotos, olho no visor,  tudo parece no lugar .Escuto forte um TUM - TUM  - TUM, como pegadas de alguém correndo nas trilhas por onde subi. Medo. Não, medinho. Percebo, então, que se tratava apenas do meu coração, audível em tamanho silencio. Percorro com o facho de luz da lanterna, o piso, as paredes, e vejo, como quase sempre quando chego lá, uma aranha, dessas pernudas, sem teia, que dizem que se deve temer, lá, ao lado da cama.  Habitualmente, de dia, ponho roupas, livros e objetos para fora  e com delicadeza varro o animal , companhia indesejada, para bem longe, na mata. Eventualmente, amasso mesmo. Ora, trata-se do meu espaço, para elas existem muitos e muitos espaços mais. Mas impossivel toda essa manobra no escuro, com uma das mãos ocupada segurando a mini-lanterna que nem sei quanto tempo permanecerá acesa. E a danadinha, esperta que só ela, protegia-se atras de um icone de Buda, que ali fica para lembrar-me, e às raras visitas,  do respeito que se deve a todas as formas de vida. Matar uma aranha sobre a cabeça de Buda ?


Tranquei a porta, empenada, para conseguir precisei dar algumas marteladas nas dobradiças, fui dormir mesmo no quartomóvel. Frio em Petrópolis ?  Estou há 400 mts acima do nivel da cidade, que está a 890mts do nível do mar, deveria ser muito frio.  Dormi  5 hs direto, um dos meus records de sono continuo. Um conforto delicioso. Acordo antes do amanhecer e tenho o privilegio, mais uma vez, de presenciar os contornos das montanhas que me cercam, marcando-se ante a luminosidade que surge. Sem sair do saco de dormir, no bem quentinho, e sem insetos  ( Que bicho-da-mata- sou eu ?  Uma fraude!). Os passarinhos  todos em sinfonia, a cascata em frente, com seu rumorejar apelativo. fica-fica-fica...Saio antes do sol, ele mesmo, se mostrar. Aqui, neste vale profundo apesar da altitude, ele só dá as caras um tanto mais tarde, e preciso resolver muitas coisas, de onde estou ao centro da cidade, pelo menos uma hora. Dessa cidade até onde moram meus cães velhinhos, mais tres hs.
 Mas tudo vale a pena.
Na descida, o sol começa  a reluzir nas montanhas, lá longe, Maria Comprida, quase sempre parcialmente encoberta por seu chapéu de nuvens, neste dia, mais do que um chapéu, mostrava um xale.


E  já no asfalto, na tal  civilização, olho para  onde eu estava, bem lá no alto, aos pés desse pico lá atras, ao pés do Alcobaça. Nem gosto mais de ir, porque detesto ter que não ficar.

7 comentários:

Anônimo disse...

Çindo e DELICIOSO texto! Viva a vida no MATO ou no CARRO!!!!

byTONHO disse...



"Tenso...
viver na mata,
quase me "mata" de susto!"


Viver fora da MATA é o que mais mata!

...

A terceira imagem é uma OBRA,
"silhueta da MÃE natureza"?!

Até!

:o)

Anônimo disse...

Olha que me deu vontade de caminhar no mato tb...

myra disse...

texto esplendido. mas so, que nunca tive esta experiencia...somente no mar, sabe nao gosto de montanhas, nao sei porque:)
beijos

Gaspar de Jesus disse...

Minha amiga, eu não gosto nada de aranhas! Fez muito bem em ir dormir no carro? É isso? Fez muito bem!
As fotos que tirou depois da tal Maria das Pernas Compridas passar estão maravilhosas!
Bom fim de semana.
G.J.

Nilson Barcelli disse...

Gostava de a ter acompanhado nessa aventura noturna... mas aranha matava logo, mesmo por cima do buda...
A história está contada de uma maneira deliciosa e as fotos mostram um local magnífico que jamais terei oportunidade de conhecer... Por isso, acaba por ser gostoso ler estas histórias e, assim, nem preciso ir aí, porque iria detestar não ficar...
Querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijo.

disse...

O quarto no mato, um quarto do mato...
Mas sem aranhas, por favor!
Que coisa linda vc tem de vista, de natureza, de sonho!

Beijoss

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