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quinta-feira, 22 de julho de 2010

CRÔNICAS AMAZONICAS - 14



Andar de voadeira pelos Rios e Igarapés, é ótimo. É muito melhor do que andar de moto. Poder estar em uma Colocação no meio da Floresta é bom demais.

Ações antrópicas positivas e negativas
Nos rios e na Vila
Em que pesem todos os conceitos e aplicações de sustentabilidade, manejo florestal, responsabilidade ecológica e social, não há, entretanto, como evitar malefícios, potencialmente sérios à Floresta e seus caminhos, principalmente aos caminhos fluviais, quando se utilizam recursos tecnológicos, mesmo os mínimos, em uso no nosso modelo de civilização. E não estou me referindo às ondas eletromagnéticas dos modernos meios de comunicação, não. Estas, embora vários estudos sérios apontem no sentido de prejuízos à saúde do homem, como a relação entre a elevada incidência de casos de cãncer em moradores nas proximidades de antenas de telefonia móvel, por exemplo, ainda não tem seus danos aceitos de uma maneira unívoca pelas comunidades científicas. E caso tragam mesmo danos ao corpo humano, certamente tambem acarretariam prejuizos somáticos aos outros animais e até aos vegetais. Mas isso não se estuda, não se analisa. E como qualquer tecnologia que ainda não tenha produzido lucros suficientes para pagar o custo de suas pesquisas ou lucros que atendam à ganância do homem não será descartada, tais estudos não viriam ao conhecimento do homem comum ou não obteriam financiamentos para seu desenvolvimento. É sabido que o custo humano, a dor ou doença não é considerado pelas corporações, mesmo quando estes custos afetam significativamente os gastos públicos com a saude de um povo, de uma população.
Mas estou abordando aqui outras condições, como os meios de transporte pròpriamente ditos. O preço pago pelo Rio é grande. Não só o inferno sonoro produzido pelos motores a explosão, a gasolina e que certamente assusta e espanta os animais da floresta e das águas, interfere no equilíbrio da fauna, mas tambem a contaminação das águas dos rios pelos resíduos de combustivel, do óleo 2T usado pelos motores das embarcações ou pelo lixo abandonado pelos "caminhos", pelas pessoas que utilizam aquelas vias. Se Humanos jogam lixo nas ruas, imagino o que fazem nos rios , "que levam tudo". Mas tem tambem as marolas provocadas pelo deslocamento das voadeiras e que batem incessantemente nas suas margens, ondas que antigamente não existiam, contribuindo para intensificação da erosão das margens com incremento do assoreamento dos rios. Sem falar das lesões produzidos pelas hélices dos motores dos barcos, sobre os animais das águas. Ferimentos graves vitimam, por exemplo, o peixe- boi, o bôto, que quase não são mais encontrados, animais em vias de extinção como também alguns peixes da região . Passa-se rápido. Atropela-se sem ver o que foi deixado para trás. Ganha-se tempo, a nossa pressa incessante para chegar. Canoas a remo são obsoletas, hoje, para um ser humano que se acredita racional e civilizado e quer ou necessita chegar àquelas plagas. O nosso mantra favorito é "depressa, depressa".

Na vila existe um trabalho desenvolvido por moradores-pesquisadores que mudaram-se para lá, chamado de "saude ambiental". Lixeiras coloridas espalhadas em locais estratégicos, e um projeto onde um saco com lixo domiciliar limpo entregue à organização é compensado, pago com uma lata de leite em pó. Então o lixo é separado, organizado e...guardado. Um enorme galpão acumula todo o lixo inorgânico, produzido, quero dizer, levado para lá. Pets, sacolas plásticas, tetrapack. Esperam soluções para reciclagem efetiva. Apesar de produzirem bancos, cadeiras, brinquedos, artesanato, com material reciclado, não é suficiente. Não mandam o lixo de volta para a "cidade" pela consciência que as pessoas tem de que chegando lá, irá para um lixão. Então, de que adianta, argumentam. A Terra é uma só, nossa casa é o planeta, temos que ser responsáveis pelo que fazemos.
Os excrementos humanos e dos animais domésticos? Representam uma parcela menos significativa, aparentemente. As casas tem fossas, o esgoto, na sua maioria não é despejado no rio. Mas mesmo nessas condições, há contaminação do solo. Mesmo empregando técnicas de permacultura, com formas de produção de água cinza ou tratamento do esgoto, ainda são experiências isoladas que vem sendo introduzidas. Há uma demanda por "remédios de verme" ou seja, há contaminação dos seres humanos por parasitas intestinais. E isso vira um continuum.
A vila é privilegiada, pois com o movimento migratório ocorrido a partir dos anos 90 acontecem lá diversos projetos de pesquisa acadêmicos ligados à Universidades, especialmente algumas federais e ações significaticvas em vária áreas, como a do lixo e saneamento, projetos de manejo sustentável da floresta, produçaõ agricola de subsistência fundada nos principios da agrofloresta e permacultura, mas mesmo assim somos um cancro, a produzir feridas naquele sistema, já bastante vulnerável. Existe solução? Existe cura? Ou apenas cuidados paliativos, mais ou menos intensivos, dependendo da responsabilidade das pessoas que lá vivem ? Força de vontade, busca por soluções reais, poucas vezes eu vi em algum lugar, como vi por lá. Desejo e espero que a união daquelas pessoas não deixem enfraquecer estes projetos. Será seguramente um exemplo para aquela região, para a Amazonia, mas tambem um exemplo para o mundo.

4 comentários:

O Tempo Passa disse...

Creio que já chegamos ao ponto de não-retorno. Já não há como impedir e extinção dos humanos e de grande parte da vida tal como a conhecemos hoje. Mas creio que todo gesto de carinho e cuidado será levado em conta e tem um significado e uma consequência positiva. É esperar pra ver.

Beatriz Fig disse...

Parece não haver jeito! Tudo acaba interferindo e desturindo. Humano demasiado humano. Tão racional que destrói o que lhe alimenta.

Gaspar de Jesus disse...

Olá DONA
Mais uma excelente crónica amazónica!
Quem nos ajuda a salvar o que de melhor temos sobre a Terra...?
Voadeira, é o mesmo que para nós, Moto d'água?
Beijinho
G.J.

Gaspar de Jesus disse...

Cara amiga DONA URTIGÃO
Muito obrigado pelo esclarecimento.
Este belíssimo exemplar de cavalo lusitano (como verá nas postagens seguintes) estava a ser preparado para uma exibição de cavalos de alta escola, a ter lugar daí a algum tempo
Foi em Barcelos no sábado passado, e eu não podia esperar...
Beijinho
G.J.

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