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domingo, 18 de julho de 2010

CRÔNICAS AMAZÔNICAS - 12


CONSIDERAÇÕES FINAIS
ou PENÚLTIMAS
Quando cheguei em casa, fiquei um pouco confusa. Afinal estivera tão pouco tempo lá e chego aqui descubro que se passara muito mais tempo do que eu sentia. O tal do tempo expandido que falo sempre ou de como se pode modificar e relativizar esta dimensão. Assim como o espaço. Mas de uma forma diferente, ainda não consegui compreender direito. Sempre digo que multiplico meus dias ao fazer muita coisa dentro deles. Quando acordo em um lugar, passo por outros, faço diversas coisas, vou dormir em outro, parece sempre que transcorreu muito tempo. Quando fico em casa com quase nada por fazer, o dia encurta. Lá, no entanto, aconteciam muitas coisas durante um mesmo dia, e no entanto os dias se somaram como se fossem um só. Fiquei lá, tres ou quatro dias e fora daqui tres semanas. Ainda estou me recuperando deste desconforto. Em minha mente estou no mes de junho, quando fui, talvez esteja no final do mês, mas não no meio do mes seguinte.
Existem coisas que me afetaram diretamente, nesta viagem, mas não sei porque, não couberam nos relatos anteriores. Então, vejamos:
Volto a falar do céu estrelado. Fico pensando na "necessidade" que temos de acender tantas luzes em nossas casas e cidades. Nem percebemos o quanto nossa iluminação apaga a beleza que poderíamos desfrutar se abríssemos mão disso. Mas temos medo. De bichos? De gente? Que mal evitamos com nossas luzes sempre acesas? Que tipo de ataques prevenimos com tantas luzes, com tanta iluminação? Pelo que vejo em estatísticas, pràticamente nada é evitado por iluminação pública ou domiciliar constante. Ou será que temos medo de nós mesmos e nos escondemos em luzes? Ou achamos que de alguma forma, com tanta lâmpada elétrica, nos aproximamos de alguma Luz especial? Só sei que um céu estrelado sobre escuridão absoluta, é o que Kant pensou descrever ao explicar o conceito de sublime. É muito mais do que Belo. É de tirar o fôlego. E isso, mesmo estando só. Imagino se em companhia de alguém amado. Vê-se "estrelas cadentes". Nem uma ou duas, basta estar a olhar para o céu. Há quanto tempo perdemos as possibilidades de ver alguma? Com o passar dos minutos, que sem percebermos tornam-se quase horas, a paisagem celeste muda, brilhos tornam-se mais ou menos intensos, as constelações que conheço mudam de lugar, minha imaginação cria outras.
E a lua? O luar? Consigo entender porque a Lua foi e é reverenciada como entidade divina. Saindo do "confôrto" do abrigo, dando-se alguns passos apenas, vendo seu cintilar nas folhas da vegetação, nas areias brancas dos caminhos, sente-se abrigado ao relento e acaba-se por aceitar a ideia de um Criador. Não é necessário questionar, raciocinar, racionalizar, está alí, tudo. Percebemos ao simples luar o quanto somos parte da natureza, não seus donos, apenas participantes. Que diferença , quando daqui, do litoral, novata que sou nestas plagas, saí de casa na lua cheia para ver seu brilho e reflexo sobre o mar e só vi a iluminação da orla. Andei mais e mais, para longe, buscando o que minha imaginação ou memória ancestral produzia, e nada. Uma desbotada imagem do que é, na verdade. Que tonta fui, lá, ao temer perigos imaginários (ou talvez aos micuins) e não ter ido até as margens dos Igarapés e suas lagoas para contemplar o luar. Nem sei se temia algo ou se, tão deslumbrada com o que via, nem pensei em mais nada.
Sim, a Floresta é mágica. E a cobiça destrói tudo, arrasa com a magia do mundo, destrói a felicidade, numa ganância sem fim, num desejo de poder, e que, verdadeiro, está alí, ao alcance do olhar, do sentir.


4 comentários:

Beatriz Fig disse...

Que bonito isso!!!

Bom questionamento.. tanta luz para que? Se não enxergamos o que está na frente, o que deveria ser visto realmente.
A luz do luar deveria entrar nas mentes e corações "pertubados". Quem sabe essa luz, com a forma e o encantamento que tem pudesse ajudar... =)

(vou fazer como alguém que comentou e vou colar esse texto no meu blog!)

Gaspar de Jesus disse...

Olá amiga
É com renovado prazer que a visito.
tenho andado afastado destas visitinhas, a vida é feita e prioridades e o blogue teve de ficar limitado ao mínimo.
Venho encontrar excelentes contos de viagem.
Gosto da forma como escreve.
Parabéns
Votos de boa saúde
Beijinhos
G.J.

Anônimo disse...

Ao acender o primeiro fogo, o bicho-homem roubou da natureza um poder que não era seu... Tal poder, que hoje sabemos descrever como o de produzir energia térmica e radiante por meio da reação química da combustão, muita energia, e muito rápido, nenhum outro ser vivo tem.
Ora, esse salto, acho, é o pai de todas as vaidades humanas, e dessa primeira vaidade o bicho-homem jamais se recuperou. Todas as demais explicações até têm seu fundamento, mas nos apegamos a elas mais por serem racionalizações para o orgulho de produzir incandescência, fulgor, e dizer a si mesmo: "Vejam minha luz! Eu sou ímpar na criação!"
Não é por acaso que, sob o céu escuro, sem fulgores, incandescências e radiações artificiais, fiquemos propícios à humildade e, principalmente, ao senso de unidade com tudo mais que existe.

São disse...

Sim, a cobiça e a soberba são alguns dos venenos que corroem o ser humano e tudo destroem.

Um abraço graaaande e grato, minha amiga.

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