Aqui estou, no meu pouso entre dois "voos", lugar que chamo de casa, onde gosto de estar, mas fico ansiando pelos lugares aonde vou. Estranho sentimento este. Mal chego, cansada, saudosa de meus "trens" e penso que ter que esperar dois dias para o outro percurso, é intolerável. Mas fim de mes, coisas a serem definidas aqui, sou obrigada a ficar um dia util. E necessidades outras me fizeram voltar no fim de semana. Escolhas, "liberdade de escolha do jugo", assim vou seguindo, numa felicidade angustiada, em destemido temor, pré-ocupada com os próximos passos, ou "rodoviadas", sempre lamentando pelo que deixei para tras, mas não poderia ter sido diferente sem que me assaltasse o remorso por não estar cumprindo minhas obrigações. Escolha? Como escolher ser diferente? Como dormir, se já durmo pouco por antecipação da necessidade de ser "perfeita", como dormir com sensação de que não agi corretamente, cumprindo compromissos e responsabilidades decorrentes de escolhas anteriores?
Eu sei, o que me dói é a saudade daquelas crianças, as minhas, que há muito deixaram seu corpo-criança só em minhas lembranças - e n'algumas delas próprias e que me contam, eventos importantes que eu já me havia esquecido ou nunca sabido, e saudade atualizada das crianças novas, seus sorrisos e solicitações. Saudades de brincar de carrinho pelo chão, de rolar jogando bola, saudades imensas por saber que outras necessidades me farão ficar pelo menos uma semana longe deles.