MOSTRANDO
terça-feira, 10 de março de 2009
Sombrio
Na insonia desta noite, fiquei andando pelos quartos de minha casa, alternando com os espaços desta aqui.
Rever meus passos recentes, recordar de passos perdidos entre os outros. Volto a viajar, nas anotações que faço. Que fiz.
Hoje não foi uma boa viagem. Vi muitos cães, gatos e animais silvestres atropelados. Por isso havia deixado de viajar cedo pela manhã. Mais tarde, apesar do calor forte, as estradas estão limpas. O forte tráfego deixa as estradas livres dos restos da negligência humana e assim, não visíveis, não são sequer imaginados. Deixam de existir. E essa angustia chegou ao físico, a ponto de trazer lágrimas e dor, não pela minha saudade dos queridos que deixara, mas pela dor do mundo, a dor do existir. E a estrada perdeu seus encantos. Os varais coloridos, as roupas voejando, só me faziam pensar na exclusão. Carência. Não minha, mas a enorme carência de tudo da grande maioria da humanidade. De bens materiais e daqueles essenciais, de afeto. E vim seguindo. Pensando que, vida que se mantem com esperanças na morte, uma e outra só podem ser a mesma coisa. Pobre vida esta, a pessoal, que só é viva porque está morta, estará morta no próximo segundo, está no passado, está na memória, não está no agora, porque este, escapuliu, ficou para tras, tão rápido como a foto que eu queria ter feito, ali, ó ... oops
E assim vindo, finalmente cheguei.
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7 comentários:
Que este dia seja feliz para si...
Abraço
Foto linda, texto real, em algumas estradas é oque mais se ve. imprudencia de motoristas...
Belo texto;)
Besos
Esta dor, eu sei doer.A sua maneira de expressa-la é forte é a maneira que alguns vivem (podendo sentir)para ajudar a humanidade a prosseguir.
Xô, tristeza! Pra lá, dor!
Essas reflexões sombrias são necessárias e boas. Mas não devem prolongar-se. A alegria de viver, o bálsamo da esperança devem concluir essa ruminações.
Que seja assim com vc!!!
Que interessante! Coincidência ou não, recebi há pouco um livro de Herberto Helder, enviado por um amigo lisbonense. E ele diz, em determinado momento (o Poeta): "os mortos. É necessário matar novamente os mortos."
Eis aí o ciclo da vida e a ciclotimia que vive em nós, e ora nos acicata, e ora nos acalanta, e ora... ora, que importa, senão transcender?
Abraços, daqui
Olá DONA
Essas viagens...!
Acho que a próxima narrativa vai falar de uma estrada linda, sobe um céu azul maravilhoso, não?!
Beijinhos
G.J.
Domenico,
agradecida. Tenho consciência (quase sempre, hshshshs) de que assim caminhamos na vida, ora muito bom, ora nem tanto.
D. Ramirez,
imprudência em estradas, e na vida em geral. Algumas vezes, muitas, fico um tanto abatida por isso, e escolho ver menos para sentir menos. Covardia ? Sem dúvida! Mas assim que é o mundo, a natureza, a vida é a impermanencia.
Quisera ter um pouco mais do tal bom humor e isso admiro em voce, além do talento, claro.
Rosalia,
somos parecidas nisso, me parece (hshshs).
Rubinho,
grata.
Palhacinho, amigoR
este seu transcender foi no sentido metafísico? Se assim foi, volta-se a questão do por que. Se a vida é sòmente uma rápida passagem por um caminho doloroso, com finalidade de aprendizado a ser levado a vida real. E se aquela, "a real", for tambem outra passagem dolorosa para chegar-se mais além? Infinitamente a dor? Infinitamente a esperança?
Ou optar pela alienação? Não procurar respostas?
Gaspar,
pode ser que sim, ou não, mas vou seguindo, atendendo minhas necessidades e as de outros, vendo e revendo o que olho e o que sinto. E deixando nestes espaços um pouco do que fui encontrando.
ABRAÇOS!
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