A tristeza vai passar, está passando. Agradecida a vocês que sabedores do que acontecia ao lerem algo tão pessoal me telefonaram, plenos de carinho e solidariedade. Ao relatar, diversas vezes em detalhes o real, se é que existe real, que tudo não é só produto de minha imaginação e coincidência da imaginação de um coletivo de pessoas, viventes no mesmo tempo/espaço, ou será que nem viventes somos... Mas foi-me proporcionado um rápido expurgo da raiva, tanto que fiquei até questionando se não deveria deletar o que havia escrito. Mas se o blog ocupou o espaço do " querido diário" e dele eu nunca rasguei páginas, e apagando "acontecências", por não saber quem sou, se sou só imaginária, apagaria uma parte do que sou, seria um tanto menos ainda. Então fica relatado o desespêro. E quem sabe eu até volte a visitar alguns blogamigos, pois desde o acontecido, drama fimdessemanal, que não saio de mim mesma, não quero saber do outro, dane-se o outro ( desculpem-me "outros" afinal, menos cameliana um pouco voltei minha ética para o agir para...nada). Mas o fim-de-semana foi apenas ante-ontem, nem deve ter sido notada minha ausência. Ausência de "ninguem". A única coisa que já havia deletado foi o clipe com a música cuja letra, falando do desespêro fazia menção a "quem cuidará de mim " isso, mesmo nesta fase, é um pouco demais para mim, pois mesmo carente, e sou ( minha auto-suficiência é "fake"), não consigo assumir a necessidade de ser cuidada, pois a auto-suficiência imaginária, de tão imaginada se tornou constitutiva do realimaginário. Assumir em público uma necessidade de carinho, de forma direta, se torna impensável. Só assim, fingindo que não quero, que não necessito. De outra forma fico envergonhada. ( Como se só o fato de ter assumido um blog com conteúdo pessoal, confessional, não fosse uma assunção pública de que estou necessitada daquilo que finjo não querer). " Se guardo as mãos distantes do meu peito..." A única coisa que não deixa dúvidas é esta contradição aparente entre o que represento, entre os diversos personagens escolhidos em cada fase da representação da existência.
Ainda preciso de tempo para reorganizar minha mente-solidão. E decido que volto aqui com o tal clipe, pois no futuro histórico de minha vida, será bom recordar o que foi, o que fui construindo de mim.
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