Tenho andado muito, aceleradamente, sem sair do banquinho defronte ao desktop. Pegando trilhas, atalhos e estradas por blogs diversos, em diversos paises. Este tipo de descoberta de como são pessoas, de ciberculturas, o encontro de amigos que não se conhecem, e até de "mortes" on line tem sido algo de indescritivelmente proveitoso. E os superlativos não são para mim sòmente figuras de linguagem, ou são na medida que o uso pretende descrever o que de fato ocorre, a linguagem para construir uma figura. Não gosto muito de metáforas, não gosto de sentidos deslizantes, de termos que permitam várias interpretações. Acredito que a linguagem deveria ser instrumento para comunicação clara e precisa. Utopia, eu sei mas porque não tentar, pelo menos eu que acredito nesta utopia, vivenciá-la como se realidade fosse.
Conhecer este universo, a blogosfera, foi e tem sido uma experiência maravilhosa. Porque entre outras coisas me permitiu identificar ai uma representação clara de tudo que está fora dela, (ou quase tudo). Na verdade a principal é a (re)descoberta daquilo que é chamado natureza humana e que é definido como racionalidade. ( Contradição! acabo de utilizar ironia). E descubro em mim a necessidade de desenvolver a tolerância, pois que as vezes nem me creio humana, seria melhor ser mesmo um bicho, que age segundo instintos básicos e comunicação simples. Bicho onde a autopreservação ocupa lugar de destaque. Onde a intolerãncia com situações em que detectada a agressividade de terceiros se revela muitas vezes desmedida, mas sempre justa. Como saber qual medida é razoável? Sei que erro tanto nas minhas avaliações, que seria melhor ser mesmo só um bicho. Mas para isso tenho ainda que evoluir muito.
9 comentários:
Dona Urtigão, belo texto. Paradoxalmente, no que tange a sua visão, fazendo deslizar o sentido comum das meras avaliações.
Ía brincar com a questão da ironia, mas adiantastes..
A frase final, brilhante.
Abraços
Marcelo,
o que eu já sabia, és de fato um cavalheiro. Agradeço a gentileza.
Um abraço.
oláá! isto não está cheirando a despedida, está?
bjins.
Olá Srª Dª Urtigão... Coincidência ler esse seu texto hoje, que fala de ser bicho, e de instinto de autopreservação, depois de ter passado umas horas refletindo, enquanto dirigia em rodovia, sobre o que é ser humano e ter esse senso de autoconsciência em que talvez só o humano tenha ido tão longe em ter... Autoconsciência, talvez, que tenha a ver com saber-se indivíduo mais que qualquer bicho, e ter a vontade de preservar-se porque se crê insubstituível por qualquer outro, ainda que também humano. Abelhas e formigas não têm isso, dão suas pequenas vidas individuais em nome da agregação toda, sem hesitar. Humanos, por outro lado, ao mesmo tempo em que temem mais que todos, nesse mundo de Deus, por suas vidas que talvez sejam apenas rotineiras e frugais, mas vidas dignas, não temem arrojar-se dentro de geringonças de metal e plástico de mais de uma tonelada, a cento e lá vai pedrada quilômetros por hora, de encontro ao criiii bum crash... sem refletir... sem temer... sem nada. O humano me espanta e me desconcerta... E vês que não é por acaso que minha reflexão se fez à rodovia. E não chegou a conclusão nenhuma (risos). Abração!
Ubbalda, não pretendo me despedir não (duplo sentido?) quero dizer que não penso em abandonar esta experiência ainda não.
Impressionista,(referencias imprecisas, nome dificil para dirigir-me, ou talvez a inibição se dê pelo conteudo do seu blog e de suas palavras), suas considerações ampliam o campo das minhas especulações, me fizeram retomar as linhas do pensamento. Apontaram para a indistinção dos limites no animal humano entre o que seria instintivo e o que racional. Traz a dúvida sobre o que desconhecemos a respeito da existencia de autoconsciencia em outras espécies. Que o que entendemos como nossa caracteristica que nos confere uma certa superioridade, a razão não seria sòmente uma capacidade de produzir tecnologias as quais as outras espécies podem prescindir, porque ser sòmente lhes basta e nós nos damos valor a partir do possuir , o que é mais ilusório que nossa autoimportancia.
Como só podemos conhecer a partir de nós, esse saber sempre nos será negado e permaneceremos firmes em nossa autoconsciencia autocentrada.
( e como é bom possuir uma dessas geringonças que nos faça chegar onde nossos desejos estão colocados).Natureza humana?
Urtigão, colega, era por isso que eu dizia que os que falam, deste mundo da Internet, "virtual", falam mal. Nós todos estamos aqui e nos revelamos, pela tela, pelo monitor, tal qual somos, e podemos, sim, nos ofender, fazer as pazes, perdoar, relevar. Senti isso com toda a instância e constância, enquanto blogava. Somos virtuais só enquanto está tudo bem. Quando o "bicho pega", somos reais, realíssimos! É por isso que eu gosto dos arranca-rabos entre V. e o Marcelo (e eu, de vez em quando), lá no blogue dele, pois são feitos em alto estilo. Divergimos, mas não com tacape. Voam às vezes perdigotos para cá e para lá, mas há diálogo, há troca de idéias, imersão, emersão, transmigração de pensamentos, enfim, algo saudável.
Abraços fortes e saudosos!
meu caro aSOMBRAção,
de certa forma sòmente pois não nos revelamos nem no modo material da vida. Revelamos o que pensamos e desejamos ser. As máscaras ocultam a sombra, não a vossa, maa a que Jung identificou como parte de todos nós. O que acontece de modo identico neste universo, o virtual. Reflexo tão somente do que somos no outro.
Um abraço!
ps: no jogo do ocultamento, nós presentes no mundo virtual estamos em desvantagem pois não temos como chegar ao Hades, ou logo haverá um endereço?
É bom possuir essas geringonças... Ruim é não ter medo delas. Um conhecido um dia me disse o seguinte (a respeito de motocicletas, é bem verdade, as quais que nunca dirigi): "moto é assim: o dia que você perde o medo de andar, você cai; o dia que você perde o medo de cair, você morre".
É bom (acho, então) ter um pouco de medo de cometer erros, e com isso fazer mal, a si e especialmente aos outros.
PS. Só respondi tardiamente seu post em meu blog, embora o tenha liberado desde logo. Agradecido pela visita e pelo tempo gasto em comentar. :-)
Impressionista,
penso que a expressão "ter medo" é inadequada, assim como o sentimento medo, pois nos imobilizaria. Tento fazer um uso responsável, respeitando normas de segurança (quase sempre ),pois é impossivel estar-se vivos sem cometer erros, então que se os cometa minimamente. No mais não pretendo recusar-me a viver por medo. Menos medo de velocidade, de estradas, carros e motocicletas, que ja utilizei, do que do contato direto com seres humanos. Isto sim, se não for precavida, pode ser extremamente danoso. As palavras, os sentimentos, as ações humanas podem se bastante lesivas.
Um abraço, boas viagens.
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