MOSTRANDO

SÓ PARA LEMBRAR, QUE ALGUMAS VEZES ESTOU POSTANDO NOS OUTROS ESPAÇOS DO SÍTIO, DAQUI. OU ESTOU ISOLADA EM ALGUM SÍTIO DE CÁ, FORA DO MUNDO BLOGAL.


Tenho postado AQUI ou AQUI

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Fazenda nas Nuvens -

texto e fotos de Haroldo de Castro
Carlos e Lucia Simas conhecem profundamente o encanto da Serra da Mantiqueira. Trocaram as praias do Rio de Janeiro por essas terras distantes, incrustadas no meio das montanhas mineiras, na região de Aiuruoca. Conseguiram montar uma casa, criar cinco filhos e estabelecer uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Durante dez anos viveram isolados do mundo, convencendo amigos e parentes que a sua RPPN Mitra do Bispo, no município de Bocaina de Minas (MG), merecia ser preservada e que seus aliados deveriam comprar terras ao redor das suas.
Como no Brasil a maioria das áreas bem conservadas está nas mãos de particulares, as RPPNs representam uma forma criativa de aumentar o número de áreas de conservação. Em 1996, o Ibama regulamentou as RPPNs e centenas de proprietários passaram a procurar a instituição federal. Apesar de não perder o direito de propriedade, os donos das RPPNs se comprometem a conservá-las para sempre. Mesmo se a propriedade for vendida, os novos donos devem respeitar a área protegida, pois a decisão é irrevogável.

Carlos Simas teve sua RPPN oficializada em 1999. “Nossas terras estarão protegidas por décadas, talvez séculos. Isso dá um sentido de permanência e continuidade. Bom saber que meus netos e bisnetos terão de cuidar de árvores que ainda nem nasceram.” Chegar na RPPN Mitra do Bispo não é para qualquer viajante. Tivemos de recorrer a uma Rural Wyllis de Aiuruoca para atacar o caminho de terra, pois meu automóvel urbanóide não daria conta dessa tarefa. Somente com tração e marcha reduzida poderíamos vencer os 24 km de subidas íngremes, curvas tortuosas e pontes cambaleantes. Pedro Guatimosin, de 21 anos, bem mais jovem que sua Rural ano 73, trabalhava como guia de ecoturismo. Ele tinha ouvido falar da Mitra, mas não havia visitado ainda o local. “O desconto no aluguel do carro é porque vou aproveitar para conhecer outros visuais”, confessou Pedro. Depois, ele quase se arrependeu. Os 24 km foram cobertos em três horas.

No dia seguinte, partimos para a derradeira aventura: escalar a pedra da Mitra do Bispo. Tínhamos pela frente uma bela subida, com um desnível de mais de 500 metros: sairíamos de 1.600 e chegaríamos a quase 2.200 metros de altitude.
Demoramos para passar por um pequeno trecho da trilha apelidada de “Corredor das Bromélias” pela família Simas. A cada dois metros, uma bromélia em flor nos esperava para uma foto ou uma estória. Listamos quase uma dezena de espécies diferentes. “Ainda bem que as orquídeas não estão floridas, porque, a esse passo, nunca chegaríamos no topo da Mitra”, riu Carlos.

A floresta tropical cedeu espaço a um bosque mais baixo e mais aberto. A camada de terra fértil era cada vez mais escassa e fina. Finalmente, chegamos na rocha viva, granito puro. Já não tínhamos árvores e galhos para usar como apoio. A leve caminhada tornou-se subida íngreme, a quatro “patas”. Os escorregões seriam mais perigosos. O consumo de água dobrou, triplicou. O topo parecia estar cada vez mais longe.

Quando eu já pensava em desistir, um suave raio de sol me fez recobrar forças para a escalada final. Enquanto eu retomava meu fôlego, Carlos admirava sua paisagem preferida. Do alto da Mitra, ele contemplava a RPPN, a Serra do Papagaio e o perfil ondulado das montanhas da Serra da Mantiqueira. “Isso aqui é um paraíso. Pena que você tenha de voltar para Washington.” Concordei com ele e me entreguei ao visual. Algo me dizia que aquela imagem do alto da Mitra do Bispo seria a última a ser gravada para a Conservação Internacional. E foi. “

•••
Conhecer a Mata Atlântica é um dos 150 Lances de Viajologia
que constam do Teste de Viajologia Brasill.

Haroldo Castro, fundador do Clube de Viajologia, viajou como fotojornalista e diretor de documentários a 131 países. A viagem à Serra da Mantiqueira marcou o final de 16 anos de colaboração com a Conservação Internacional..
CLUBE DE VIAJOLOGIA
Texto e fotos: Haroldo Castro

3 comentários:

ubbalda, a garoupa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ubbalda, a garoupa disse...

Puxa vida

Anônimo disse...

ei,esses dois comentarios acima são teste para ver como funciona. Não levar em consideração

Seguidores